domingo, 19 de julho de 2009

Faz tempo...

Pois é, tenho andado atormentado com vários assuntos. Primeiro foram as avaliações finais dos cursos profissionais que só terminaram completamente à uma semana atrás, depois recebi uma convocatória para passar a minha bic vermelha sobre a tinta escorrida em palavras azuis dos exames nacionais do ensino secundário.
Ora, logo aqui surgiu-me uma tema tão pertinente nos tempos que correm que não consigo deixar de vos pôr a par. Uma das questões do exame continha já uma boa dose de campanha eleitoral, tanto assim que pedia a quem estava à prova para apresentar duas consequências positivas da construção do aeroporto na “margem sul” de Lisboa. Ou seja, nem há hipótese de confrontação ou debate de ideias, ou indicas duas consequências positivas ou a bic castradora de palavras teria que desenhar um esboço de um círculo impreciso de O valores de cotação na margem direita.
Nunca pensei que a campanha eleitoral de um partido descesse tão baixo e instrumentaliza-se o futuro de tanta boa gente. No mesmo grupo, inexplicavelmente, pede-se que analisem uma imagem supostamente representativa de campos agrícolas em forma de círculos que, pelos vistos, só um mago ou vidente consegue alcançar os itens pretendidos na resposta. È precisa uma imaginação sobremaneira fértil para chegar as conclusões pretendidas.
Mais uma vez a minha massa cinzenta não encaixa factos para tanta gente simples. Afinal porque não são os exames concebidos por professores que labutam diariamente no terreno, ao invés de o serem por gente afastada da realidade, do campo de batalha.
Diga-me quem tenha resposta porque razões existem professores - há muitos chamados titulares que sempre escolheram as as suas turmas e não fizam a mínima ideia do que é lidar com determinadas turmas e diz o ministério que servem para fazer valera sua experiência junto dos mais novos - que nunca leccionaram a turmas complicadas com meninos tão queridos e inocentes, não raras vezes maiores de idade e conscientes do que fazem. Afinal por que carga de água se concluiu que toda a gente tem que estudar. Donde surgiu a ideia de dar de mãos beijadas um diploma a alguém que em três meses concluí o nono ano de escolaridade ou o décimo segundo num ano. De que valem as estatísticas quando na prática grassa o facilitismo, a falta de carácter e frontalidade e a iliteracia.
Assim tenho passado o meu tempo, porque contrariamente ao que muita gente diz não tenho três meses de férias, tenho apenas vinte e dois dias e confesso que não consigo ver mais papéis e relatórios a minha frente.
Estou capaz de encher um ecoponto azul com tanta árvore destruída para tão infame fim. A tecnologia é tão avançada mas continuamos a derrubar a floresta indefesa para fazer papel, por vezes tão dispensável. Ainda por cima é tão duro que nem para limpar o rabo é adequado.

2 comentários:

A Contemplação da Árvore disse...

Cada vez mais me torno mais uma comodista neste pais. Que posso eu fazer? Não sou eu que vou mudar o sistema sozinha. Tenho de me submeter simplesmente á merda que vejo á minha volta.
Mas olhar para o estado em que isto está dá-me vontade é de encostar os livros ao canto e fazer pela vida antes que se faça tarde.
Qualquer dia até as Licenciaturas e Mestrados se tiram em 3 meses.
Mas que se pode esperar da Formação deste povo quando o próprio primeiro ministro não é formado para o cargo que desempenha?!
Enfim... Fuck the System!

P.S. Europe foi inesquecível !

AmSilva® disse...

Bem, quando um governo "faz" com que mesmo não sabendo a matéria se continue a "passar" de ano... que se pode esperar senão em fazer o mesmo que o nosso primeiro ministro (pelo que dizem exame por fax)...
Tudo bem que assim até sobe a percentagem de cidadãos formados... mas... só para ter um "canudo" ?
Prefiro continuar como estou, safo-me bem com 4 idiomas estrangeiros e o meu simples 10º ano, que até foi feito em duplicado para decorar bem a matéria!!