domingo, 28 de fevereiro de 2010

I´m a alien in England

Um alien em Inglaterra, foi como eu me senti da primeira e única vez que visitei os reinos de sua majestade, ali bem mergulhado entre as brumas pachorrentas do Atlântico e as borrascas glaciais que sopram em fúria provenientes do norte.
Naquela terra é tudo ao contrário na estrada,no começo, pelo menos nos primeiros quilómetros, parece que andamos um pouco à nora, mas depois desse primeiro passo à esquerda, tudo é igual. As regras, o alcatrão veste-se de negro, as rotundas, os sinais de trânsito, são uma linguagem comum aos condutores de qualquer lado.
Torna-se castiço poder parar nas bermas das Auto-estradas, onde hilariantemente encontramos pequenas casas de banho, semelhantes às que agora são comuns nos estaleiros de obras. Propavelmente, será para evitar fazer o chichizinho no manto verde de relva e densos arbustos.
Foi assim que encontrei a Inglaterra, uma ilha escondida um pouco a Norte da França.
Depois de os meus parcos cabelos terem esvoaçado a sentir o sopro frígido que expira das águas frequentemente agitadas do estreito, deparo-me com uma saída do barco pela minha mão mais fraca, a esquerda. Saí do barco, começei a circular entrando logo numa dura sucessão de curvas e contracurvas, bem acotoveladas à esquerda. Surgiu a primeira rotunda e a última roda da galera trilhou um pouco da pedra de cor esfumeada que compunha o lancil, extraordinariamente alto. A partir daí, foi sempre com o ponteiro bem acostadinho aos 90 Km\h. Eu antes pensava que os espanhois andavam sempre com a o velocímetro atrasado, mas fiquei pasmado ao ver os Ingleses e os Irlandeses, com aqueles reboques bem subidos bem como porta-carros com três patamares de veículos ao invés dos típicos dois da restante Europa, a passarem por mim que nem um ápice, baloiçando devido ao ar que se comprimia entre nós, como que fossem simples ligeiros.
A parte melhor ainda estava para vir, quando, noite parda e com o céu fechado por um manto cinzentão de nuvens, procurei um parque para descansar o corpo, que já perlava de tanto suor expelir.Queria dar ao serrote para o estomâgo que se ia queixando da sua fraqueza.
Não conhecia a Inglaterra e esperava que àquela hora já teria dificuldade em instalar-me num lugar adequado para aparcar, como acontece na França. Aqui, depois das dezoito horas, no Verão, e das dezassete no Inverno, os camiões polacos empilham-se por todo o lado, ocupando cada pedaço livre. Mas não, pelas vinte horas e trinta minutos ainda havia bastante espaço. Parei em sgurança e veio ter comigo um tipico inglês, de ossos largos e cara de arruaçeiro, para pedir o dinheiro do parque. Fiquei a saber que fui enganado no barco pois pedi para me trocarem cem euros e pelos vistos recebi pouco mais de o equivalente a setenta euros em libras. Paguei e esqueci. Estava a preparar-me para ir jantar veio outra vez o rapazote rondar-me, desta vez segurando pelo gargálo largo um avantajado garrafão de plástico.
- Queres vender diesel? avançou ele objectivamente.
Adiantei-lhe que não, fiz má cara, fechei a porta e fui jantar. Quando voltei lá estava ele a tirar combustível de um camião polaco. Embora a minha firma, particularmente os motoristas da filial da R. Checa e os bulgaros, utilizem muito esta estratégia, a minha formação moral não me deixaria nunca fazer isso.
Daí que seja vulgar passarem por eles, motoristas de elste, a 80 Km\h, para que os camiões consumam menos e dessa forma não darem pela marosca na empresa.
Ao outro dia deixei a carga no destino, Tamworth, e volvi caminho arrepiando por entre um dia soalheiro e com o céu a exibir-se azul celeste até bem próximo de Dover.
Já não dava tempo para passar o barco e conseguir fazer o descanço mínimo, logo segui as indicações de um prque de camiões, como ainda não tinha visto em lado algum, vedado como com segurança assinalável.
Aqui deu-se o segundo insólito. Fui ao restaurante e reparei que a única tradução dos pratos em exposição e dos atlas de Inglaterra eram de Ingês para Françês e Polaco e vice-versa. Mas também não é por isso que os portugueses não deixam de solucionar os problemas de língua que possam obstaculizar o percurso. Aprendem um pouco de todas as línguas, não precisam que sejam os outros a tentar perceber-nos.
Bem, dizia eu que aconteceu entao outro inédito acontecimento.
Sentei-me no bar, a ver com que ia saciar o bucho e no meio da espera pedi uma cerveja. Então, sem que o fizesse esperar, o barman voltasse para mim e diz assim em Inglês de pronúncia pura: You are portuguese!. Eu fiquei uns momentos a pensar como ele adivinhou, pois certamente se fosse por artes do além o homem não estaria ali a servir cerveja e vinho a camionistas. Perguntei-lhe o porquê da observação e fiquei espantado pela resposta.Não vestia nenhuma indumentária típica do nosso canto.
- Vê-se pela tua forma de estar e pela aparência - Ripostou.
Realmente depois de repensar o facto durante umas eternas horas conclui que de facto temos uma postura coerentemente diferente.
A forma como olhamos, como nos expressamos e até como nos sentamos a beber uma cerveja é diferente. Por exemplo, nos parques não se vêem espanhois ou franceses a cozinhar. É típico dos portuguses. Por exemplo os de leste, em parte, fazem-no às escondidas.
Apesar de me sentir um alien en terras alheias rapidamente nos adaptamos e aprendemos a compreender as diferênças e qual a melhor forma de lidar com elas. Somos assim e por isso andamos espalhados por todo o mundo.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sinais do Tempo - Intempérie na Madeira


Sinais do tempo - trata-se de um documentário televisivo que durante muito tempo segui fanaticamente na RTP2. Comia e digeria todos os assuntos ao sabor de um cremoso e delicioso chocolate Suiço. À uns tempos atrás descobri, enquanto pressionava os minúsculos botões do comando da caixa mágica, que tornava a passar, agora na RTP Memória.
Falava da mudança, da diáspora, das migrações, da explosão demográfica - nos ultimos sessenta anos a população cresceu a um ritmo alucinante, tanto que se assemelha a uma explosão em que cada partícula é mais um ser humano que germina -, do expansionismo capitalista, da suburbanização e rurbanização, do desenvolvimento e do subdesenvolvimento.
Punha a nú a face visível e invisivel do nosso mundo, o fosso entre os que sobem na hierarquia da riqueza e os que perecem de fome,perante a indiferença de todos.
São sinais do tempo, da evolução do bicho Homem.
A terra tem neste momento 4,6 milhões de anos. Para entendermos a acção humana, basta pensarmos que se a Terra tivesse hoje 46 anos, o homem iniciaria a sua saga neste planeta à cerca de 4 horas, a Revolução indústrial teria acontecido à 1 minuto, nos últimos segundos o Homem multiplicou-se como formigas dizimando os recursos naturais que equilibram o sistema natural do único planeta onde existe uma componente denominada biosfera.
Hoje, o tempo, não o tempo cronológico mas o estado do tempo da atmosfera, também dá sinais de rupturas e mudanças, invertendo com o equilibrio natural.
A Terra aquece, as calotes de gelo polar degelam, as cheias são cada vez mais aterradoras - em parte devido à implantação de povoamentos em regiões ribeirinhas, em leitos de inundação, nos domínios do mar revolto - pequenas ilhas e ilhotas vão desaparecendo, as secas são anómalas, são comuns as vagas de calor, as vagas de frio semeiam morte, ciclones afligem a Europa e já nem se distinguem bem as épocas tradicionais das quatro estações.
Já vimos escoadas lamacentas levarem na frente da sua fúria favelas inteiras na América do Sul e até em Ribeira de Pena, cá no nosso rectângulo, ou, mais recentemente em Itália, com as pesoas a verem as suas casas e o seus haveres desmoronando-se como um velho castelo a cair perante os arietes inimigos.
Desta vez foi a nossa pérola verde do Atlântico que se debateu com a firme severidade das fortes e intensas chuvadas que engrossoram os caudais fluviais,que, por seu turno, venceram o seu leito normal, galgando as margens, desafiando todos os obstáculos naturais e humanos, impotentes perante a supremacia inelutável das forças destruidoras.
Dizem os que viveram de perto esta tragédia que parecia estarem a assistir ao fim do mundo, um apocalipse não anunciado nas professias religiosas; ninguém se lembra de ver cair tanta água em tão curto espaço de tempo. Ora, como a pluviosidade têm sido farta nos últimos meses, o solo encontra-se saturado de água e, como tal, não tem capacidade para absorver nem mais uma gota. Assim, toda a água que entra em contacto com o solo, simplesmente escorre, aumentando grandemente os caudais das linhas de água que sulcam duramente o relevo particular da ilha da Madeira.
Como não podia deixar de ser, as televisões, no lugar de fazerem um trabalho integro e respeitador, montam logo um verdadeiro espetáculo mediático, repetindo vezes a fio as mesmas reportagens, fotografias e testemunhos. Talvez a intensão seja mesmo chocar, ou será mais que isso, machocar.
Dá vontade de chorar ao vermos tanta destruição e a consternação atinge-nos ao vermos como um esforço de uma vida de sacrifícios pode ser desfeito em escassos segundos. Agora é respeitar os mortos, levantar a cabeça, deitar mãos á obra e reconstruir novamente a idílica cidade do Funchal.
Fico deveras espantado pois, mesmo nas horas de pranto e aflição, há sempre quem seja vorazmente capaz de culpar a governação por estas catástrofes naturais, como se o Homem alguma vez tivesse tido força para as enfrentar de igual para igual. É claro que tudo deve ser planeado, pensando na prevenção, porém, situações destas são anormais e para as evitar seria preciso aceitar um novo paradigma no planemanento urbano, que negaria contrucções em grande parte das áreas actualmente urbanizadas: vertentes fortemente declivosas, todas as zonas ribeirinhas, territórios litorais. Porém, a orografia das ilhas obriga a que as contruções sejam implantadas em vertentes de elevada inclinação e quiçá a sua beleza, o belo panorama do seu património construído esteja nessa morfologia agreste, onde o homem foi cimentando as suas habitações e os seus sucalcos de cultivo.
Enfim, à que criar formas de prevenção, mas as anomalias não são previsiveis nem tão simplesmente se lhe pode medir a força.
É este o mundo de mudança onde vivemos, são os sinais de um tempo com estados de tempo de baralhados.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Animais na A22 - um perigo com consequências graves

Na semana passada era uma galinha que se pavoneava na A 22, sentido Olhão-Albufeira, desta feita foi um cão que surpreendentemente galgou – assemelhava-se a um galgo a pular – o separador central, deu dois ou três pulos até à via mais à direita, onde circulavamos, embatendo violentamente no nosso veículo, destrinçando pára-choques, ópticas e guarda-lamas do lado direito. Foi tão rápido que nem deu tempo de reacção. O tempo nesse dia amanhaceu com chuviscos e a estrada estava molhada, uma travagem poderia ser fatal para nós. Mas foi de tal repentinidade que nem tão-só permitiu isso e ainda bem.
Ali paramos uns poucos de metros à frente, ligar quatro piscas e toca a contar trinta metros bem medidos para colocar o triângulo, sem que antes vestisse o colete retroreflector.
Primeira coisa, ligar às autoridades competentes, Brigada de trânsito, que nos afiançaram que acorreriam de imediato ao sinistro. Entretanto, apareceu por ali um senhor da concessionária. Estacionou a carrinha um par de metros atrás de nós, e dirigiu-se para adagar do sucedido. Não sei se havia tido insónias durante a noite, mas a mal-disposição cheirava a milhas. Pusemo-lo ao corrente e adiantamos que já tinhamos comunicado à BT.
- Eu não vi cão nenhum – disse em tom a rasar a grosseria.
Também não lhe dirigimos muito mais palavras. Nisto, balbaciou entre dentes que ia comunicar ao chefe dele para vir resolver a situação.
Chegou o dito chefe.
- Bom dia, estão bem? – Exclamou um tom de preocupação.
Pelo menos o chefe aparentou ter ar de pessoa bem formada. Tirou fotografias aos estragos, de vários ângulos para que ficassem bem registados. No final informou-nos que tinha encontrado o cão, cerca de duzentes metros à nossa ré. Pronto, tratou do caso e dirigiu-se para outro despiste provocado por um animal, dois ou três quilómetros à frente, segundo ele.
Estavamos admirados com a Brigada que não chegava. Acabou por aparecer passadas três horas. Já deitavamos lume pelos olhos, fartos de esperar e com o dia de trabalho perdido.
Enfim, trataram de fazer os registos que são de lei, e ainda deixaram no ar que fazem muitas ocorrências deste género mas nunca souberam como são os desfeixos.
Fizemos uma reclamação na área de serviço mais próxima, onde expusemos detalhadamente e passo por passo todo este acontecimento.
De acordo com o técnico do seguro estes casos demoram nunca antes de dois anos a resolver.
Conclusão, toca a pagar a franquia de 250 euros do seguro e desejar que seja reembolsada mais tarde. Caso não tivesse seguro contra todos os riscos, teria que desembolsar perto de 2 500 euros e sonhar que um dia me viessem a ser restituídos.
E esta....