terça-feira, 25 de maio de 2010

Palhaçada


Deputados vão receber mais dinheiro para viagens e transportes
A crise parece não ter chegado à Assembleia da República. Só para transportes os deputados irão receber mais 25% do que em 2009, ou seja, mais 780 mil euros do que no ano anterior, avança o Correio da Manhã

domingo, 16 de maio de 2010

Ó Zé aperta o cinto...olha as medidas de austeridade


Muito se tem falado em apertar o cinto, mas o meu, como o de muitos portugueses, encontra-se fincado no último buraco, por isso, se o aperto mais ficam as calças engelhadas.
São tempos duros que vivemos e para nos ajudar a deitar ainda mais para o fundo incrementaram agora as severas medidas de austeridade. Desde o governo de Durão Barroso que nos pedem sacríficios a bem supremo da Nação Valente– faz lembrar o Salazar. Aventam sempre que são apenas uns anitos e depois será como no mais belo conto de fadas, todos seremos felizes e o dinheiro tornará a cair da árvore dos patafurdios.
Ora, fazendo as contas (como diria outro patriota que nos afundou e para se redimir alcansou um cargo de grande relevo internacional) já lá vão 8 anos de sacrifícios vãos. Mas como entender isto? É fácil mesmo para quem não tem profundos conhecimentos de economia, como é o meu caso, e de muitos de vós. Contudo temos inteligência para desmembrar os factos que ocorreram: a divida externa aumentou exponencialmente nos últimos anos em virtude dos empréstimos para pagar as dívidas do estado, o qual, por sua vez não se contêm nas despesas astronómicas que ninguém consegue explicar. Por outro lado avultam-se os lucros dos grandes interesses económicos, bancos, petrolíferas, grandes empresas de obras públicas, que inclusive se aproveitam da crise para sugar ainda mais quem conta os trocos para viver com o mínimo de dignidade.
Pedem-nos agora que sejamos nós a pagar a avolumada injecção de capital na banca, a amortizar a divída dos estádios de futebol, a cobrir os indecentes salários dos gestores dos organismos publicos, muitos deles auferindo de várias fontes de rendimento chorudas. Mais uma vez ponho em causa se não haverá muita gente disposta a assumir o peso dessas gestões por muito menos, ou se vamos continuar impávidos e serenos a ver os vampiros chuparem o sangue da manada, agachada e caladinha.
De facto este governo limita-se a fazer a engenharia económica mais fácil: subir os impostos para compensar o descalabro incontrolável dos gastos da administração pública. De nada servirão as medidas de austeridade se eles continuarem a gastar cada vez mais. Não seria necessário subir os impostos se baixassem essas despesas para irem amortizando a dívida pública, isso sim seria de louvar.
Entretanto o povo contenta-se com o Benfica, com o Mundial, com o Verão que se aproxima e esquece os indignos preços dos combustíveis, os escândalos políticos, a diminuição dos salários, e o aumento dos impostos. Povo cego.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

domingo, 18 de abril de 2010

Finalmente...

Depois de uns dias em que não sobrou tempo para respirar, tenho uns minutos para vos por ao corrente dos meus dias junto da família na Serra da Estrela, das polémicas que cravam os nossos políticos e do tão badalado PEC - Programa de Empobrecimento Colectivo ou Plano de Estrangulamento do Cidadão.
Pois foi assim: depois das reuniões tive oportunidade de viajar meia dúzia de dias até à minha calorosa aldeia. Lá me meti a caminho atravessando mais de metade de Portugal pela sua metade mais a Leste, ou seja, pela zona raiana, o que parecendo uma perca de tempo me permite poupar uns tostões em portagens. Sempre gostei mais de viajar por nacionais, mesmo que isso sujeite uma maior demora. O trajecto pelo meio de certas povoações, pelas planuras do Alentejo e pela base das Serras da Gardunha e da Estrela, permite um apreciar de paisagens, verdadeiros festins da natureza, ainda mais nesta época florida de Primavera. Demora emtre seis a sete horas, sempre dentro dos limites e na pior das hipóteses tentando não esticar muito.
Foram dias maravilhosos apesar de ir carregado de papeís para pôr em recado. A sensação de estar junto aos nossos é deveras extraordinária. Para baixo, lá ficou a minha mãe a chorar e eu melancólico até chegar ao limite do Alentejo.
Por agora ando cheio de trabalho, nomearam-me instrutor de um processo disciplinar a uns gaiatos que se envolveram numa cena porrada, as provas globais avizinham-se, por isso, mal tenho tempo para respirar. Ando feito um falta de ar.
Entretanto os combustiveís voltam a atingir tectos, próximos de 2008, mas desta feita não se dá conta do caso na comunicação social, parece que vivemos num país adormecido por ilusionistas, bruxarias e acomodação.
Fala-se no PEC, que ainda vai afunilar mais os parcos rendimentos da maioria dos portugueses, enquanto os salários milionários e a boa vida continua para alguns. Será que com tanta gente que há no desemprego não haverá gestores capazes de fazer render as empresas por muito menos. Concordo que sejam bem pagos, mas por vezes é um gozo para com os outros, que se fartam de trabalhar para ganhar 475 euros.
Enfim, vamos ver no que isto dá.

quarta-feira, 17 de março de 2010

domingo, 28 de fevereiro de 2010

I´m a alien in England

Um alien em Inglaterra, foi como eu me senti da primeira e única vez que visitei os reinos de sua majestade, ali bem mergulhado entre as brumas pachorrentas do Atlântico e as borrascas glaciais que sopram em fúria provenientes do norte.
Naquela terra é tudo ao contrário na estrada,no começo, pelo menos nos primeiros quilómetros, parece que andamos um pouco à nora, mas depois desse primeiro passo à esquerda, tudo é igual. As regras, o alcatrão veste-se de negro, as rotundas, os sinais de trânsito, são uma linguagem comum aos condutores de qualquer lado.
Torna-se castiço poder parar nas bermas das Auto-estradas, onde hilariantemente encontramos pequenas casas de banho, semelhantes às que agora são comuns nos estaleiros de obras. Propavelmente, será para evitar fazer o chichizinho no manto verde de relva e densos arbustos.
Foi assim que encontrei a Inglaterra, uma ilha escondida um pouco a Norte da França.
Depois de os meus parcos cabelos terem esvoaçado a sentir o sopro frígido que expira das águas frequentemente agitadas do estreito, deparo-me com uma saída do barco pela minha mão mais fraca, a esquerda. Saí do barco, começei a circular entrando logo numa dura sucessão de curvas e contracurvas, bem acotoveladas à esquerda. Surgiu a primeira rotunda e a última roda da galera trilhou um pouco da pedra de cor esfumeada que compunha o lancil, extraordinariamente alto. A partir daí, foi sempre com o ponteiro bem acostadinho aos 90 Km\h. Eu antes pensava que os espanhois andavam sempre com a o velocímetro atrasado, mas fiquei pasmado ao ver os Ingleses e os Irlandeses, com aqueles reboques bem subidos bem como porta-carros com três patamares de veículos ao invés dos típicos dois da restante Europa, a passarem por mim que nem um ápice, baloiçando devido ao ar que se comprimia entre nós, como que fossem simples ligeiros.
A parte melhor ainda estava para vir, quando, noite parda e com o céu fechado por um manto cinzentão de nuvens, procurei um parque para descansar o corpo, que já perlava de tanto suor expelir.Queria dar ao serrote para o estomâgo que se ia queixando da sua fraqueza.
Não conhecia a Inglaterra e esperava que àquela hora já teria dificuldade em instalar-me num lugar adequado para aparcar, como acontece na França. Aqui, depois das dezoito horas, no Verão, e das dezassete no Inverno, os camiões polacos empilham-se por todo o lado, ocupando cada pedaço livre. Mas não, pelas vinte horas e trinta minutos ainda havia bastante espaço. Parei em sgurança e veio ter comigo um tipico inglês, de ossos largos e cara de arruaçeiro, para pedir o dinheiro do parque. Fiquei a saber que fui enganado no barco pois pedi para me trocarem cem euros e pelos vistos recebi pouco mais de o equivalente a setenta euros em libras. Paguei e esqueci. Estava a preparar-me para ir jantar veio outra vez o rapazote rondar-me, desta vez segurando pelo gargálo largo um avantajado garrafão de plástico.
- Queres vender diesel? avançou ele objectivamente.
Adiantei-lhe que não, fiz má cara, fechei a porta e fui jantar. Quando voltei lá estava ele a tirar combustível de um camião polaco. Embora a minha firma, particularmente os motoristas da filial da R. Checa e os bulgaros, utilizem muito esta estratégia, a minha formação moral não me deixaria nunca fazer isso.
Daí que seja vulgar passarem por eles, motoristas de elste, a 80 Km\h, para que os camiões consumam menos e dessa forma não darem pela marosca na empresa.
Ao outro dia deixei a carga no destino, Tamworth, e volvi caminho arrepiando por entre um dia soalheiro e com o céu a exibir-se azul celeste até bem próximo de Dover.
Já não dava tempo para passar o barco e conseguir fazer o descanço mínimo, logo segui as indicações de um prque de camiões, como ainda não tinha visto em lado algum, vedado como com segurança assinalável.
Aqui deu-se o segundo insólito. Fui ao restaurante e reparei que a única tradução dos pratos em exposição e dos atlas de Inglaterra eram de Ingês para Françês e Polaco e vice-versa. Mas também não é por isso que os portugueses não deixam de solucionar os problemas de língua que possam obstaculizar o percurso. Aprendem um pouco de todas as línguas, não precisam que sejam os outros a tentar perceber-nos.
Bem, dizia eu que aconteceu entao outro inédito acontecimento.
Sentei-me no bar, a ver com que ia saciar o bucho e no meio da espera pedi uma cerveja. Então, sem que o fizesse esperar, o barman voltasse para mim e diz assim em Inglês de pronúncia pura: You are portuguese!. Eu fiquei uns momentos a pensar como ele adivinhou, pois certamente se fosse por artes do além o homem não estaria ali a servir cerveja e vinho a camionistas. Perguntei-lhe o porquê da observação e fiquei espantado pela resposta.Não vestia nenhuma indumentária típica do nosso canto.
- Vê-se pela tua forma de estar e pela aparência - Ripostou.
Realmente depois de repensar o facto durante umas eternas horas conclui que de facto temos uma postura coerentemente diferente.
A forma como olhamos, como nos expressamos e até como nos sentamos a beber uma cerveja é diferente. Por exemplo, nos parques não se vêem espanhois ou franceses a cozinhar. É típico dos portuguses. Por exemplo os de leste, em parte, fazem-no às escondidas.
Apesar de me sentir um alien en terras alheias rapidamente nos adaptamos e aprendemos a compreender as diferênças e qual a melhor forma de lidar com elas. Somos assim e por isso andamos espalhados por todo o mundo.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

Sinais do Tempo - Intempérie na Madeira


Sinais do tempo - trata-se de um documentário televisivo que durante muito tempo segui fanaticamente na RTP2. Comia e digeria todos os assuntos ao sabor de um cremoso e delicioso chocolate Suiço. À uns tempos atrás descobri, enquanto pressionava os minúsculos botões do comando da caixa mágica, que tornava a passar, agora na RTP Memória.
Falava da mudança, da diáspora, das migrações, da explosão demográfica - nos ultimos sessenta anos a população cresceu a um ritmo alucinante, tanto que se assemelha a uma explosão em que cada partícula é mais um ser humano que germina -, do expansionismo capitalista, da suburbanização e rurbanização, do desenvolvimento e do subdesenvolvimento.
Punha a nú a face visível e invisivel do nosso mundo, o fosso entre os que sobem na hierarquia da riqueza e os que perecem de fome,perante a indiferença de todos.
São sinais do tempo, da evolução do bicho Homem.
A terra tem neste momento 4,6 milhões de anos. Para entendermos a acção humana, basta pensarmos que se a Terra tivesse hoje 46 anos, o homem iniciaria a sua saga neste planeta à cerca de 4 horas, a Revolução indústrial teria acontecido à 1 minuto, nos últimos segundos o Homem multiplicou-se como formigas dizimando os recursos naturais que equilibram o sistema natural do único planeta onde existe uma componente denominada biosfera.
Hoje, o tempo, não o tempo cronológico mas o estado do tempo da atmosfera, também dá sinais de rupturas e mudanças, invertendo com o equilibrio natural.
A Terra aquece, as calotes de gelo polar degelam, as cheias são cada vez mais aterradoras - em parte devido à implantação de povoamentos em regiões ribeirinhas, em leitos de inundação, nos domínios do mar revolto - pequenas ilhas e ilhotas vão desaparecendo, as secas são anómalas, são comuns as vagas de calor, as vagas de frio semeiam morte, ciclones afligem a Europa e já nem se distinguem bem as épocas tradicionais das quatro estações.
Já vimos escoadas lamacentas levarem na frente da sua fúria favelas inteiras na América do Sul e até em Ribeira de Pena, cá no nosso rectângulo, ou, mais recentemente em Itália, com as pesoas a verem as suas casas e o seus haveres desmoronando-se como um velho castelo a cair perante os arietes inimigos.
Desta vez foi a nossa pérola verde do Atlântico que se debateu com a firme severidade das fortes e intensas chuvadas que engrossoram os caudais fluviais,que, por seu turno, venceram o seu leito normal, galgando as margens, desafiando todos os obstáculos naturais e humanos, impotentes perante a supremacia inelutável das forças destruidoras.
Dizem os que viveram de perto esta tragédia que parecia estarem a assistir ao fim do mundo, um apocalipse não anunciado nas professias religiosas; ninguém se lembra de ver cair tanta água em tão curto espaço de tempo. Ora, como a pluviosidade têm sido farta nos últimos meses, o solo encontra-se saturado de água e, como tal, não tem capacidade para absorver nem mais uma gota. Assim, toda a água que entra em contacto com o solo, simplesmente escorre, aumentando grandemente os caudais das linhas de água que sulcam duramente o relevo particular da ilha da Madeira.
Como não podia deixar de ser, as televisões, no lugar de fazerem um trabalho integro e respeitador, montam logo um verdadeiro espetáculo mediático, repetindo vezes a fio as mesmas reportagens, fotografias e testemunhos. Talvez a intensão seja mesmo chocar, ou será mais que isso, machocar.
Dá vontade de chorar ao vermos tanta destruição e a consternação atinge-nos ao vermos como um esforço de uma vida de sacrifícios pode ser desfeito em escassos segundos. Agora é respeitar os mortos, levantar a cabeça, deitar mãos á obra e reconstruir novamente a idílica cidade do Funchal.
Fico deveras espantado pois, mesmo nas horas de pranto e aflição, há sempre quem seja vorazmente capaz de culpar a governação por estas catástrofes naturais, como se o Homem alguma vez tivesse tido força para as enfrentar de igual para igual. É claro que tudo deve ser planeado, pensando na prevenção, porém, situações destas são anormais e para as evitar seria preciso aceitar um novo paradigma no planemanento urbano, que negaria contrucções em grande parte das áreas actualmente urbanizadas: vertentes fortemente declivosas, todas as zonas ribeirinhas, territórios litorais. Porém, a orografia das ilhas obriga a que as contruções sejam implantadas em vertentes de elevada inclinação e quiçá a sua beleza, o belo panorama do seu património construído esteja nessa morfologia agreste, onde o homem foi cimentando as suas habitações e os seus sucalcos de cultivo.
Enfim, à que criar formas de prevenção, mas as anomalias não são previsiveis nem tão simplesmente se lhe pode medir a força.
É este o mundo de mudança onde vivemos, são os sinais de um tempo com estados de tempo de baralhados.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Animais na A22 - um perigo com consequências graves

Na semana passada era uma galinha que se pavoneava na A 22, sentido Olhão-Albufeira, desta feita foi um cão que surpreendentemente galgou – assemelhava-se a um galgo a pular – o separador central, deu dois ou três pulos até à via mais à direita, onde circulavamos, embatendo violentamente no nosso veículo, destrinçando pára-choques, ópticas e guarda-lamas do lado direito. Foi tão rápido que nem deu tempo de reacção. O tempo nesse dia amanhaceu com chuviscos e a estrada estava molhada, uma travagem poderia ser fatal para nós. Mas foi de tal repentinidade que nem tão-só permitiu isso e ainda bem.
Ali paramos uns poucos de metros à frente, ligar quatro piscas e toca a contar trinta metros bem medidos para colocar o triângulo, sem que antes vestisse o colete retroreflector.
Primeira coisa, ligar às autoridades competentes, Brigada de trânsito, que nos afiançaram que acorreriam de imediato ao sinistro. Entretanto, apareceu por ali um senhor da concessionária. Estacionou a carrinha um par de metros atrás de nós, e dirigiu-se para adagar do sucedido. Não sei se havia tido insónias durante a noite, mas a mal-disposição cheirava a milhas. Pusemo-lo ao corrente e adiantamos que já tinhamos comunicado à BT.
- Eu não vi cão nenhum – disse em tom a rasar a grosseria.
Também não lhe dirigimos muito mais palavras. Nisto, balbaciou entre dentes que ia comunicar ao chefe dele para vir resolver a situação.
Chegou o dito chefe.
- Bom dia, estão bem? – Exclamou um tom de preocupação.
Pelo menos o chefe aparentou ter ar de pessoa bem formada. Tirou fotografias aos estragos, de vários ângulos para que ficassem bem registados. No final informou-nos que tinha encontrado o cão, cerca de duzentes metros à nossa ré. Pronto, tratou do caso e dirigiu-se para outro despiste provocado por um animal, dois ou três quilómetros à frente, segundo ele.
Estavamos admirados com a Brigada que não chegava. Acabou por aparecer passadas três horas. Já deitavamos lume pelos olhos, fartos de esperar e com o dia de trabalho perdido.
Enfim, trataram de fazer os registos que são de lei, e ainda deixaram no ar que fazem muitas ocorrências deste género mas nunca souberam como são os desfeixos.
Fizemos uma reclamação na área de serviço mais próxima, onde expusemos detalhadamente e passo por passo todo este acontecimento.
De acordo com o técnico do seguro estes casos demoram nunca antes de dois anos a resolver.
Conclusão, toca a pagar a franquia de 250 euros do seguro e desejar que seja reembolsada mais tarde. Caso não tivesse seguro contra todos os riscos, teria que desembolsar perto de 2 500 euros e sonhar que um dia me viessem a ser restituídos.
E esta....

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Uma galinha na estrada

Na segunda-feira passada - dia de pica boi depois de um fim-de-semana bem vivido – deslocavamo-nos para o trabalho, quando surge um inesperadíssimo: uma galinha passeava sorrateira, exibindo as suas penas multicolores, em plena faixa de rodagem da A22.
Fiquei espantado, como estupefactos ficaram os automobilistas que seguiam em linha atrás de mim, perante este utente pouco comum nestas andanças. No lugar de encher o papo no comedouro do galinheiro e esgravatar o quintal do dono, decidiu exibir-se por ali. Empertigada fazia o trajecto entre a berma e o separador central, provavelmente à espera de encontrar uma saída daquele paradeiro, enquanto os carros iam abrandando para não a deixarem esticada e abandonada, como os inúmeros cães que vemos nas bermas das estradas de lés a lés do nosso Portugal.
Quando avistei a carrinha da brisa a indicar perigo exibindo no projector a mensagem “desvio” ocorreu-me que alguém teria sido vítima de mais uma infelicidade na estrada, mas afinal não. O funcionário ria-se deslumbrado ao invés de se preocupar em apanhar a ave, quem sabe até poderia jantar uma gordurosa canja de galinha.
Já agora tenham atenção, a concessionária tem que indeminizar o utente perante um acidente provocado por um animal; todavia os funcionários apressam-se a chegar ao local para fazerem a ocorrência e embusteiam os acidentados, deixando-os descansados a pensar que tudo vai ser resolvido. Mas não, se o caso não for participado às autoridades – Brigada de Trânsito – esqueçam que não recebem nada dali. Tenham esse cuidado.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010



Um abraço para todos os que fazem vida na estrada, porque só esses, e quem já lá andou um dia, conseguem compreender os sentimentos relatados nesta grande canção...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Chove sem parar...

O meu largo entendimento em matéria de clima permite-me concluir que algo de estranho se passa na máquina climática.
Mas, mais que esse conhecimento académico, torna-se evidente quando falo aqui com os patronos algarvios. Gentes do povo, com vivências longas, que já passaram por muito e conhecem o tempo como ninguém. A sua idade permite-lhe analisar evoluções e até fazer estimativas.
Dizem-me eles, em conversa de barbearia, de rua ou café, que a máquina climática anda maluca, já desde uns anos até esta parte.
- Você é moço lá do norte, não está habituado aqui à nossa terra, mas nós somos filhos do Algarve, sempre vivemos aqui, e não me lembra de tanta chuva cá por baixo – argúi o meu vizinho do canto.
Pois lá nas Beiras – não sou exactamente do Norte, sou Beirão – as chuvas são constantes e continuadas, contudo os mais velhos queixam-se da falta de chuva. Antigamente rebentava a água por tida a lomba, era cada levada a correr – relembram saudosamente.
Enfim, por Olhão rebentam é as tampas das sarjetas do saneamento e dos escoadores das ruas pouco habituadas a tanta força de água de chuva. Mas quem tem o terreno com miunças gosta de ver a terra regada além de que os lençõis de água queixam-se à muito de escassez, e para eles será um presente divino, capaz de estanquar a pressão da água salgada sobre os aquiferos mais próximos da costa.
Para os homens do mar já farta esta chuva e esperam a bonança para se lençarem em pequena barcaças e estender as redes de malha no seio do mar.
Enfim nunca ninguém está contente, para uns é demais para outros podia vir mais.

domingo, 3 de janeiro de 2010

Balanço do meu ano...

Se me pedissem descrever o ano que se findou em duas ou três palavras, diria, sem qualquer espinha a picar a garganta ou papas quentes na língua, tratar-se de um ano “cheio de vida”.
Tinha eu acabado, de forma pouco esperada, de largar uma vida vivida pelos quilómetros das estradas do velho continente – amuralhado entre os cimos dos montes Urais e a vastidão do oceano Atlântico – para me dedicar novamente ao ensino, nos reinos abafados pelo clima quente das baixas terras algarvias. Durante toda a minha vida restringira-me às terras cimeiras da Beira Alta e à romântica cidade de Coimbra, que vestida pelas negras capas dos estudantes me deu guarida no seu ventre por uns eternos cinco anos. Falo de anos de amizades e camaradagem inesquecíveis, que aliados aos camiões, me ofereceram amigos, um pouco por cada canto e recanto de Portugal. Das aulas da faculdade, tenho saudade de uma meia dúzia, que não se afunilavam em leituras dormentes de sebentas amarelas, quiçá pelo papel envelhecido, dando conta do tempo em que foram escritas. Provavelmente já lá iam longos anos.
Após tantos anos, quis o destino dar-me este novo paradeiro. Senti-me pela primeira vez realizado enquanto professor nas aulas de Geografia do 10º ano, onde a relação que se estabelece com os alunos é mais a meu jeito. Ouviam e retribuíam em sinal lícito dos bons ensinamentos.
Quis o meu fado que este ano voltasse ao terceiro ciclo. As burocracias são mais e os alunos sobremaneira complicados. Penso que o grande mal é a falta de educação e o facilitismo que vingou na nossa sociedade. Mais tarde vamos pagar a factura desta nova ordem mundial, em que os papeis se inverteram. Os alunos estão ao nível dos professores, dedica-se mais tempo aos alunos que não querem aprender – porque para os que tem dificuldades há ajudas específicas – e os bons alunos acabam por ver reduzido o seu potencial. Agora a moda é ser mau e ter notas reles. Caso contrário a malta não é fixe.
Talvez os mais iluminados pensem que tudo se aprende nos computadores e na internet e a escola serve para entreter os alunos; é cada vez mais o papel de um professor, ser animador.
Pagam-me para isso, e, contudo, sinto-me um felizardo no meio de tantos portugueses que não tem como comprar o pão para alimentar as bocas da família.
Nos entretantos decidi iniciar uma formação de instrutor de condução automóvel – que me roubou muitas horas pós laborais de Abril até Outubro – da qual ainda espero o resultado do primeiro exame, que, por sua vez, me dá acesso a um segundo exame de cariz prático.
Socialmente vivemos um ano conturbado, no qual a crise atingiu o seu máximo crítico, segundo os mais entendidos na matéria. Seja como for, a crise só existe para alguns, como é do conhecimento de todos.
Continuamos a ter uma justiça injusta e protectora dos gatunos, assassinos e corruptos. Este é o nosso Portugal: um polvo de corruptos com tentáculos longos e aniquiladores.
Para último deixo o melhor que me aconteceu pelas planícies quentes do Algarve. Aqui conheci a minha cara-metade, a quem agradeço muito pelo aguentar do meu mau feitio.
Daí, foi um ano cheio de Vida.