domingo, 31 de agosto de 2008

Era uma vez em Portugal...

Anda tudo para ai aos tiros a boa maneira dos westerns americanos. Só falta mesmo o Bud Spencer e o Terence Hill para porem cobro visto que a policia está completamente desautorizada – como os professores – em nome de um país onde vinga o facilitismo e o nada fazer. Este é mesmo o cerne. Trabalhar faz calos e dá cabo das costas por isso é bem melhor arranjar um emprego mais leve e melhor remunerado, quem sabe talvez roubar ou traficar umas armas potentes dê menos trabalho e seja sobremaneira rentável.
Pois é, neste ultimo caso ainda não se sabem pormenores, apenas se aventa isto ou aquilo de uma forma suposta de muitas suposições. Porém, nos últimos dias a vaga de crime tem assulado fortemente o nosso país, são roubos, homicídios, corrupção, acertos de contas, enfim uma mão – daquelas bem grandes – cheia de coisas más.
Realmente isto não está fácil para quem quer trabalhar, mas se não é numa coisa é noutra arranja-se sempre que fazer. Se eu estivesse a sonhar com a colocação numa escola ainda não tinha acordado. Todavia teria sido mais fácil chular o estado durante um ano e depois meter-me por ai na má vida. O mal é que pagam a muita gente marginal para não trabalhar e ficar lá no bairro a consumir, traficar, roubar carros. È o resultado de não ter nada para fazer, vindo depois queixar-se que são marginalizados, a sociedade não lhes dá oportunidade e por ai fora. A verdade é que trabalhar está fora de questão, afinal até recebem por serem uns coitadinhos.
Há lugar no mundo para todos mas também é necessário fazer ver, se preciso com força, que este país tem leis e são para se cumprirem. Como diz uma amigo meu “a bófia só se mete com os trabalhadores.” Até é mais fácil, sabem que somos honestos, que não temos uma pistola para andar aos tiros, que temos respeito, que temos que trabalhar para ter uma casa.
Deixem lá essa malta pois eles são assim por culpa da sociedade que tem leis e não devia ter.
Para acabar com tudo só falta mesmo o sensacionalismo mediático dos média: se a polícia bate coitado do ladrão, se os ladrões fogem a culpa é da polícia. Opino eu, que segundo eles o policia devia ter a seguinte conduta: “Ó senhor ladrão não faça isso, então você anda para ai a roubar e matar, olhe que isso é feio e a sua mãe não gosta”. Vá lá pose lá a arma.” E claro, o criminoso amavelmente entrega imediatamente a arma à policia e ficam todos felizes.
Aí…nem vale a pena dizer mais nada, chamem mas é o Tarzan que isto está uma selva.

sábado, 16 de agosto de 2008

De Bruxelas a Madrid são 22 horas de distância, vou lá ir mais o Virgolino mas não sou um avião, eu vou a Madrid eu vou com o Virgolino mas não sou um

Há pessoas que trabalham em determinados ramos sem terem o mínimo senso do planeamento e estratégia inerentes ao bom funcionamento do mesmo. Falo dos transportes terrestres de mercadorias em particular mas poderia falar de outros ramos de actividade. Vejamos, depois de passar à frente da Basílica de Bruxelas e enfiar o Virgolino debaixo de uma ponte de 3,90 m (o Virgolino tem 4 m de altura) cheguei ao cliente em Bruxelas. Carreguei rápido porque o senhor até estava bem-disposto ficando ainda melhor com a Sagres que lhe dei. È para beber muito fresca - acrescentei ainda em tom imperativo.
Estava tudo a correr bem até que quando recebi o CMR deparei que a carga tinha 17 horas para chegar a Madrid, visto que a descarga estava programada para quarta às 4 h da manha, o que na prática é impossível – podendo, no entanto, haver quem o faça, não vos digo é como… mas quem não faz sou eu com certeza – ou seja, deram-me dois horários (nem isso) para chegar ao cliente em Madrid. Ora dois horários a 9 h dão 18 h de condução e mesmo que faça a 10 h perfaz vinte, o que nunca e em tempo algum soma 22 h de condução. Ainda para mais eram 11 h quando abandonei Bruxelas mais o Virgolino. Para me facilitar ainda mais a tarefa apanhei um bouchon (bicha) de 1h 30 m perto de Moons. Posto isto, no lugar de ir pela auto-estrada somos obrigados a fazer uma nacional (N2- entre Maubege e Paris) cheia de semáforos e velocidades limitadas, tirando-me mais uma hora de trabalho em relação à Auto-estrada. Quando cheguei a Madrid a chica ainda teve a lata de me dizer que vim atrasado e por isso só me podiam descarregar à tarde, facto que para mim não dava pois vinha a andar desde a meia-noite e tinha obrigatoriamente que parar o Virgolino às 15 h. Mas também me disse que esta carga chega sempre atrasada e eu até fui dos mais rápidos. Então mas que raio de planeamento é este? Até parece que andam a querer gozar com a malta…Enfim.
Posto isto, já só carreguei ao outro dia para Alcácer do Sal. Dormi lá, divaguei à beira do Sado e sentei-me na esplanada a contemplar os passantes, os tiques, forma de andar, as gajas boas…
Amanha vou de novo para Madrid e depois acabar com mais duas descargas em Barcelona..
Inté meus caros

A Febre dos Camiões

Não encontro outras palavras para descrever a afluência tão grande aos camiões que acontece nesta fase da história contemporânea. Vêm de todos os ramos, dos mais variados países e por diferentes motivações. Nesta era onde estou seguramente 90 % dos camiões são oriundos da Polónia. Nesta quinta-feira vi um senhor de aspecto bastante ossudo, na casa dos 50 anos, calvo e com aspecto algo mórbido que depois de uma vida de pequeno empresário e com a vida feita se viu obrigado a mudar apostando nos camiões como a saída para a crise. Como este são muitos e muitos.
Mas a verdade é que não é fácil e nem os 1500 euros muitas vezes conseguem segurar as pessoas. Vejamos: o estilo e ritmo de vida alteram-se completamente, esqueçam-se o conforto do lar doce lar, as belas e recheadas refeições em família, as saídas para tomar café e os passeios, bla bla bla…bla bla bla. Habituem-se à solidão, a uma vida nas estradas da Europa, onde se cozinha, dorme, se fazem as necessidades. Habituem-se a uma vida onde se correm riscos diários e é proibido errar. Um tempito a mais no horário e lá vão 300 ou 400 euros, um engano no preenchimento dos discos e lá vão mais 1000 euros. Nós estamos proibidos de errar. Um polícia pode rasurar uma multa se por eventualidade se enganar mas nós se nos enganar-mos somos criminosos, só quem cá anda sabe e pode falar. Isto não é para todos, e convoco aqueles que dizem que isto é fácil para aguentarem 15 dias, não peço mais…
O certo é que principalmente em Portugal e nos países de leste os camiões são a última saída para fazer face a uma vida de elevadas despesas e salários irrisórios, mas nem todos aguentam porque não é só abanar a árvore, é uma vida de imensos e intensos sacrifícios.

Da Holanda para Vós

Estou na Holanda desde quarta à noite, descarreguei quinta às 5 horas da matina e esperei por carga até sexta à noite. Quando por ali apareci já estava um colega esperando notícias de carga fazia dois dias pois agora com as tão esperadas férias o grosso das empresas estão fechadas. Sexta-feira eram cerca de 19:17 minutos recebi uma chamada para carregar em Bruxelas, bem perto do centro da cidade. Já vi no mapa onde fica e o estranho é que nas proximidades não há nenhuma zona industrial, mas não faço previsões e além de tudo vou pela primeira vez a Bruxelas, quem sabe ainda veja por lá o Dr. Durão Barroso, esse grande compatriota que abandonou o nosso barco quase a afundar-se para assumir um almejado cargo na Comissão Europeia.
Enfim, o certo é que na vinda para a Holanda houve alguns acontecimentos, normais no ramo, mas que ainda não me tinham atingido. Primeiro num parque maluco onde aparquei o Virgolino na segunda por volta das 19 horas fizeram-me um corte na lona, coisa estranha uma vez que qualquer alma menos iluminada conseguia enxergar que transportava pneus. As cargas de pneus são muito valiosas e como no nosso caso são carregados em lonas notam-se pequenas bossas aqui e ali com o próprio padrão do pneu bem impregnado. Por vezes é mesmo só o gozo e safada malvadeza. Não bastava isto, desta vez, mais dois colegas, apanhei um grande bouchon (engarrafamento), no Periférique Interieur de Paris, que nos obrigou a andar quase 1 hora aos soluços e chegar ao parque da empresa em Le Plessis-Belleville com mais 7 minutos além das 10 h que são permitidas fazer dois dias por semana. Porra, lá vou andar com os tomates em risco de caírem por mais quase um mês. O certo é que não podia parar nas vias rápidas de Paris, ou dormir com pneus nos arredores de Paris. Seria um honroso convite a mãos alheias. Coisas…
Este fim-de-semana é a festa Popular e Religiosa da minha aldeia e pela primeira vez na vida passo-a longe, distante dos jantares e almoços empertigados de comida para a família que se reúne nesta ocasião de festividade. Pois é, embora a festa já não tenha aquela magia da infância é a altura em que regressam os emigrantes espalhados por esse mundo fora para verem os seus e a sua aldeia. Lembro-me quando brincava no meio da pista de dança atrás das luzes espalhadas simetricamente pela bola de espelhos bem estatelada em lugar alto e central do dancing, improvisado em placas de aglomerado e guardado por ramos de tenra mimosa. Eu nunca foi muito de danças e das poucas vezes que tentei armar-me em prodigioso dançarino pisei repetitivamente os pés a uma bela loirinha que gentilmente aceitou o meu convite. Escusado seria dizer que tivemos que abandonar a dança a meio, eheheheheheh…. Outra vez ainda espalhei-me com o meu par contra ou casal que acabou a dançar no chão. Foi a confirmação que não tinha perfil para dançarino. Lembro-me ainda das incontáveis vezes em que os famosos conjuntos musicais da região terminavam a sua actuação e começava a verdadeira festa para nós, numa verdadeira arte de imitação musical e lendária peça teatral. Normalmente só me deitava com a chegada madrugadora da filarmónica que com fôlego invejável percorria as íngremes e irregulares ruas e ruelas das Corgas. Saudades, mais desses tempos que particularmente da festa.
O certo é que estou numa área de serviço da Holanda. Ontem em Breda ainda fui ao centro da cidade e entrei numa das famosas Coffie Shops. Digo-vos que só o cheiro atmosférico me deixou tão tonto que mal se abeirou a noite dormi como uma pedra bem afundada na crusta terrestre.
Estou aqui com um colega da empresa a passar o fim-de-semana. Já fizemos arroz de marisco para o almoço de ontem, à noite fui ao Macdonalds e hoje acho que vai um franguito com massa, ainda estou indeciso. O tempo nas vastas planícies dos países baixos está fusco, ora o sol raia por entre imensas abertas, ora se cobre e caiem efémeras mas fortes chuvadas. As temperaturas rondam os 20 º, podendo atingir valores inferiores principalmente durante a noite.
Vocês lá na aldeia bebam aqueles copos por mim…eu sei que sim, eheheh
Até um dia destes, que a gente vê-se por ai na esquina, eheheh

sábado, 2 de agosto de 2008

Eu e o Virgolino no Centro Comercial

Depois de um belo fim-de-semana com piscina e banhos de sol abalei para Neu Ulm. Sempre a dar ferro pois tinha que descarregar os pneus quinta às 4:45 da manhã. Lá fui cortando caminho novamente estrada do centro adentro. Porém, desta decidi fazer uma nacional entre Chalon e Mulhouse. Perdi quase uma hora é certo mas a paisagem vale bem mais que isso. Aldeias típicas e rústicas e percurso acompanhado de um belo rio. Aliás se o horário me desse para dormir lá teria sido magnífico. O rio vai serpenteando paralelo à estrada por vezes preso em diques seguidos formando escadarias de pequenas cataratas. Verdadeiramente lindo de se contemplar. As casas típicas e as ruas tradicionais convidam a um passeio. Não resisti, apesar do pouco tempo; parei o Virgolino e ainda coloquei as mãos para medir a temperatura da água. Mas para a próxima espero ter tempo para tirar umas fotos e verem como a descrição corresponde à imagem numa perfeição sublime.
Quando descarreguei fui primeiro carregar a uma aldeia numa serra coberta de um denso bosque vestido de verde-escuro e castanho Outono para completar a carga em Estugarda. Aqui sim fui recebido por uma loura gira e muito simpática, cruzando-se os nossos olhares durante longos segundos. Houve uma sintonia de olhares que não me evitaram de estar um dia inteiro para me carregarem, e eu a ver o horário a acabar.
Posto isto vim por aí fora até Barbezieux, onde passei o fim-de-semana acompanhado pelo Pequeno Loureiro e um companheiro da Viana e Gonçalves que já havia passado o ultimo fim-de-semana comigo em Montluçon. Fomos á discoteca ver as meninas e o certo é que fizemos sucesso. Pois é, estávamos diferentes de todos os arranjadinhos com ar de garganeiros. Camisola de alças, calções e chinelos de enfiar no dedo. No domingo fomos para um lago que ladeia a vila onde demos banho à minhoca e bebemos uma belas cervejas, pagas ao preço do ouro.
Enfim, e assim passei o fim-de-semana na boémia. Terça cheguei a Madrid para descarregar em três clientes e ainda dormi em Torija, perto de Guadalajara, onde carreguei pela manha para Gondomar. Aqui sim, foi o fim do mundo. O Virgolino passeou por toda a zona comercial de Gondomar, entre ruas estritas e péssimos condutores. Parei numa rotunda para perguntar onde se situava o cliente provoquei logo um número infinito de buzinadelas, e eu na minha. Depois no centro comercial, feito para carros ligeiros temos que descarregar e passar pelo meio do centro comercial quase a raspar em colunas de betão e paredes. As pessoas até ficam imóveis a ver a perícia dos motoristas na verdadeira aventura de passar ali com um camião Tir. No meio de espera para tirarem os carros que me impediam de passar fiz 30 minutos a mais no disco, o que dá a módica quantia de mais de 300 euros em Espanha e eu sem culpa nenhuma. Apenas porque o fui obrigado a fazer. Se fosse o polícia que estivesse no meu lugar o que faria pergunto? Deixava o camião no meio da via era…Acho que também tem de haver compreensão porque ao olhar para o disco dá para ver perfeitamente que andei aos soluços e algo estranho se passou, mas isso para eles não interessam esfregam logo as mãos de contentes. Agora ando aqui à rasca durante um mês uma vez que temos que nos fazer acompanhar dos discos dos últimos 28 dias. Vocês podem não acreditar mas um polícia, pelo menos na Espanha e França, fica rancoroso quando não tem por onde pegar. Eu próprio não acreditava mas já testemunhei com estes lindos olhos. Ou seja no lugar de ficarem excelsos de alegria ao verem que os motoristas cumprem, ficam é possessos de não apresentarem quantias exuberantes aos seus superiores. Isto tudo é um recado para aqueles que pensam que isto é fácil e que se ganha 1500 euros a conduzir. Esses que falam assim não lhes dava uma semana aqui, porque com certeza que não aguentariam. Cinco minutos a mais no horário pode dar uma multa elevada…
Que tirem a carta e venham cá que eu quero-os ver, nem os 1500 euros os segurariam..
O que interessa é que estou em casa e se tudo há-de correr bem que na segunda vou para a Holanda. Querem vir?
Xau

Está ruim mas está bom

Já faz uns tempos que não vos escrevia, no entanto não pensem que eu me esqueci, por isso cá estou de novo a contar as novidades de à três semanas atrás.
Como vos havia dito anteriormente parti na terça feira para para Valladolid, onde deixei abandonado por entre seus velhos andantes companheiros o meu inseparável Virgolino. Afinal é a minha casa durante longas viagens, muitas vezes até um grande confidente e amigo. Não sei se já vos contei porque se chama ele Virgolino. Correndo o risco de ser repetitivo vou-vos então adiantar em primeira mão a razão deste nome algo insólito: quando era pequenito ficara inúmeras vezes em casa dos vizinhos, um dos quais tinha um burro teimoso que nem uma porta chamado Virgolino, nome tão estranho quanto cheio de graça, não acham?
Mas voltando à viajem, tenho a dizer que comecei por ficar sem o telemóvel, que pese embora seja um objecto necessário, também tornou a vida humana muito mais stressante. Mas tudo aconteceu quando estava no parque da empresa para apanhar boleia de encontro ao Virgolino. Nisto apareceu um colega que se ofereceu para me levar e no acto de carregar malas e bagagens para o camião fui-me esquecendo do telemóvel no muro branco e esguio das escadas que dão para a pequena portaria onde está o segurança. Pois bem, acabou por ficar lá estatelado ao sol só me lembrando do mesmo quando vi o meu colega a telefonar antes de Vilar Formoso. Logo telefonei para a portaria mas já ninguém deu conta do dito cujo. O segurança ainda mandou umas piadinhas desgostosas: “que esperava, que ainda cá estivesse”, respondendo eu que fosse eu a encontrar um telemóvel e logo procuraria descobrir o seu dono. Aliás nem foi pelo telemóvel mas mais pelo cartão que continha os números de muita gente. Também foi um abre olhos porque em alternativa deveria ter os números numa lista. Enfim, já arranjei um novo número e esqueci o assunto.
Cheguei então de encontro ao Virgolino, arrumei a comida e a roupa estival (à quase dois meses que visto calções, chinelos e camisolas de mangas de alças em nome do meu conforto). Engatei um reboque que me esperava, descarreguei e carreguei para Bhrul na Alemanha. Lá fui.
Dormi na recta de Bordeaux, onde também jantei com um colega ucraniano que me ofereceu o jantar. Digo-vos uma coisa, nunca tinha comido manjar ucraniano; que é delicioso é inegável, bastante condimentado. Estive depois na converseta até anoitecer pois tinha que me levantar às 4h da matina. Retemperei forças e parti estrada do centro adiante até Mulhouse, onde fiz 11 h de descanso. Daqui para a frente já estava perto do cliente, cerca de duas horas. Quando cheguei lá atendeu-me uma alemã típica e muito mal-humorada, acho até que continha em si uma mania de superioridade. Também lhe dei o mesmo troco e comecei a falar-lhe em inglês para lhe demonstrar que era mais culto que ela e não estou limitado a falar unicamente a minha língua materna.
Lá dentro da fábrica foi diferente porque eram operários Italianos. Uns espalhas borralhos, falam alto como os portugueses e metem logo conversa. Disseram-me onde era o WC e o duche para me refrescar. Daqui tornei a carregar para Valladolid, todavia era sexta e a partir de Julho que na França a circulação de pesados é interdita aos sábados, uma vez que ao domingo é durante todo o ano. Acresce ainda que segunda seria feriado nacional em França, somando a pouco módica quantia de 3 dias parados numa área de serviço.
Os franceses passam os fins-de-semana nas áreas de serviço. Trazem a família, comem e passam ali o dia divertindo-se à sua maneira. Neste que passei em Montluçon tinha inclusivamente insufláveis para crianças e lojas num centro comercial.
Nós porém, camionistas portuguesas fizemos comida e até jogámos à bola no meio do parque de pesados. Foi um festim. Os camionistas de leste riam-se a olhar para nós.
A propósito, hoje em dia a Europa está inundada de camiões oriundos do leste. Os motoristas nesses países ganham muito menos comparando com os do ocidente e além disso andam meses fora do lar doce lar. Lavam a roupa à mão e improvisam estendais entre as colunas do reboque. Esses sim são verdadeiros nómadas. Nesta área houve uma situação que me comoveu. Vi um Polaco com as lágrimas nos olhos a falar da filha que não via à quatro meses, mas o certo é que é por ela e pala família que o seu ordenado sustenta que ele fazia tamanho sacrifício. Um romeno disse-me que 75% da população romena vive das divisas dos familiares que labutam arduamente Europa fora.
Ao invés, na área do Suco, Espanha, conheci um caminero nuestro hermano mais ou menos da idade do meu pai com quem mantive uma viva conversa acerca do passado bélico que opunha Portugal a Espanha. Uma coisa que ele me disse não esqueço: “chico Espanha levantou-se e Portugal está na mesma”, mas admitiu que a nova geração está hipotecada até às orelhas vivendo muito acima das suas reais possibilidades. Concordou que os jovens estão mal habituados e não estão para fazer grandes sacrifícios, porque não o foram obrigados a fazer até então. Uma coisa é certa, os países mais desenvolvidos da Europa olham para nós como corruptos, aqueles que não sabem aproveitar os dinheiros para criar riqueza no país e desenvolver. Em contraponto também já me disseram:” Portugal está ruim mas está bom”, pois apesar da crise a mentalidade e a forma de estar não muda. Há crise mas bebem-se na mesma umas cervejas, ehehehehh
Enfim, entretanto no meio disto tudo cheguei a Portugal e parto de novo para a Alemanha, agora para Neu Ulm.
Bons banhos de sol e não se esqueçam do protector….
Até mais ver.