sábado, 16 de agosto de 2008

A Febre dos Camiões

Não encontro outras palavras para descrever a afluência tão grande aos camiões que acontece nesta fase da história contemporânea. Vêm de todos os ramos, dos mais variados países e por diferentes motivações. Nesta era onde estou seguramente 90 % dos camiões são oriundos da Polónia. Nesta quinta-feira vi um senhor de aspecto bastante ossudo, na casa dos 50 anos, calvo e com aspecto algo mórbido que depois de uma vida de pequeno empresário e com a vida feita se viu obrigado a mudar apostando nos camiões como a saída para a crise. Como este são muitos e muitos.
Mas a verdade é que não é fácil e nem os 1500 euros muitas vezes conseguem segurar as pessoas. Vejamos: o estilo e ritmo de vida alteram-se completamente, esqueçam-se o conforto do lar doce lar, as belas e recheadas refeições em família, as saídas para tomar café e os passeios, bla bla bla…bla bla bla. Habituem-se à solidão, a uma vida nas estradas da Europa, onde se cozinha, dorme, se fazem as necessidades. Habituem-se a uma vida onde se correm riscos diários e é proibido errar. Um tempito a mais no horário e lá vão 300 ou 400 euros, um engano no preenchimento dos discos e lá vão mais 1000 euros. Nós estamos proibidos de errar. Um polícia pode rasurar uma multa se por eventualidade se enganar mas nós se nos enganar-mos somos criminosos, só quem cá anda sabe e pode falar. Isto não é para todos, e convoco aqueles que dizem que isto é fácil para aguentarem 15 dias, não peço mais…
O certo é que principalmente em Portugal e nos países de leste os camiões são a última saída para fazer face a uma vida de elevadas despesas e salários irrisórios, mas nem todos aguentam porque não é só abanar a árvore, é uma vida de imensos e intensos sacrifícios.

Nenhum comentário: