quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Zeca Afonso



Faz hoje vinte e quatro anos que Deus chamou para junto de si um dos maiores portugueses de sempre. Cantor, poeta, professor, um verdadeiro andarilho que lutou contra as amarras do Fascismo.

Certamente hoje morreria de desgosto num país de vampiros que nunca desapareceram e até se reproduziram na penumbra da noite, sugando o suor de quem trabalha, e mais grave, endividando os filhos da nação. Um país onde a liberdade se confunde com libertinagem!

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Tempo

Olá amigos, cá estou para vos dar notícias.
É tarde de domingo e um dia prometi a mim mesmo que, já que trabalho toda a semana, devia ter um dia para descansar. Ora, para isso serve o domingo, o que não impede que seja um dia triste, pois amanhã é novo dia de trabalho árduo.
Fiz uma promessa que não consigo cumprir, visto que estou desde as 9:00 a preparar testes, PWP, fichas de trabalho,... Isto é assim todos os domingos, o que o torna ainda mais triste, logo hoje que o sol raia aqui sobre a janela do meu quarto, na cidade de Olhão.
Mas parei, e fi-lo para vos escrever porque também merecem. Se não tenho escrito é mesmo porque o tempo amarrou-me e não me deixa em paz.
Nisto tudo, que parece mau, há duas ou três coisas que não deixo de fazer, dar uma parte dele à cara metade e praticar Ninjutsu, uma arte marcial antiga que me mantém a alma limpa e o corpo são. É onde liberto as minhas energias negativas, as minhas frustrações de alguns dias que correm menos bem. Aliás, nos dias que correm é imperativo manter-mo-nos alerta, inclusivamente nos meios escolares, onde a violência e as ameaças, a quem quer que seja, já não se escondem de ninguém.
E assim tenho passado os meus dias, entre a escola e o ecrã do computador, quando chego a casa.
Por vezes, dou comigo a pensar, como farei quando tiver filhos?, se agora não tenho tempo para as minhas coisas, se todos os anos me ameaçam despedir.
Que mundo este, tenho a impressão que os nossos pais passaram por muitas dificuldades para nos criar, mas pelo menos tinham tempo para estarem connosco à noite, na mesa ou no sofá da sala. Passeava-mos bastante e agora, quem tem tempo para isto.
Foi onde nos levou esta sociedade, cativa de poucos valores, baseada em objectivos e dinheiro à pressão.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Zé do Povo

Nas amplas ruas da cidade que se move
faz a sua casa,
em cada canto uma divisão
é o Zé do Povo
não se sabe o verdadeiro nome,
ninguém lhe conhece família
come restos que vasculha no caixote imundo
é o seu pão, as gotas de vinho

O seu cabelo é bem longo
mas não tanto como a idade
dorme no telheiro da paragem
cria nele a cama de rotina
não se aquece com cobertores de lã
aconchega-se com um gasto papelão

Adormece e esquece o mundo
não aquece mas por momentos esquece
é doloroso combater o frio com solidão
só as lágrimas são quentes
até que se apaga
cerrando os olhos
com o ultimo gole de vinho
e o sopro no borrão
que sem lume morre com a exalação

O Zé vive o dia em liberdade
sem amarras e sem leis
toda a gente o conhece
é o Zé do Povo
nem se sabe quem foi seu pai e mãe
é um filho de ninguém

Lá vai ele deambulando
cantando uma triste canção
seguindo sempre o mesmo caminho
há quem o chame louco

Lá vais ele
esperando pela noite
toda a gente o conhece
e sempre a mesma solidão