Sem rumo vais meu país
Estás doente, de cancro no espírito
Partem tristes os teus filhos
Em busca da esperança que já perderam
De um despertar que tarda
Fogem a passos da machadada final
Dizem que a ditadura foi outrora
Mas as palavras encravam na garganta
Há medo de sujar o resto da vida
Que saudades de liberdade se sentem agora
Está mal este rumo,
Torce-se o leme em favor dos fartos
As ondas e brisas já não nos levam à Índia
Trazem uma borrasca travestida da China
Longínquas glórias já tiveste
Agora, só restam sobras de saudade
Quando se contam essas lindas histórias
É passado, não governa a plebe
Nem sobra desses tempos um tostão
Estamos por agora sozinhos,
Os amigos da velha senhora são estranhos
Empurram-nos para o caminho que vão construindo
Talhando as curvas que interessam
Os fartos vão sorrindo
E nós cá vamos indo
Calados, esperando no nevoeiro
Sonhando, apertados à espera que o outro fale
Desembainhe a espada
E distribua o pão
O tempo não é de heróis
Não tilintem as espadas de todos
Prontas a derramar luta, aguçadas
E os fartos mais engordam comendo carne suculenta
Aos tísicos não sobejará nem uma teta seca.
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