segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Domingos consumistas...

Olá malta, este domingo tal como a maioria dos portugueses aproveitei para ir ao centro comercial – denominados contemporaneamente por fóruns penso que mais pela configuração arquitectónica que propriamente pela função – na Guia, aqui pelos “allgarves”.
Que bela maneira de passar o domingo, olhando para montras, apalpando e amassando produtos, pisando pés, sofrendo empurrões, ouvindo buzinadelas, apreciando as gajas, e por fim acabando em beleza empanturrando-me de comida de plástico no macdonalds.
Seja como for nem é meu costume fazer dos domingos um dia de desenfreado consumo, aliás, bem pelo contrário, na minha aldeia não há centros comerciais e o mais próximo fica em Viseu (agora há por lá dois…haja dinheiro), por isso a malta usufrui do domingo para conviver, visitar familiares idosos, passear, jogar uma cartada, enfardar uns deleitáveis petiscos à moda da serra, enfim, um verdadeiro espaço aberto onde se configuram ideias, gera convívio e amizade.
O facto é que não estou na minha aldeia e aqui não existem esses deleites, existindo sim um selvagem apelo para os centros comerciais, locais onde tudo gira e acontece. A mim até me aborrece um pouco porque as pessoas quase se esfolam nas caixas e nos corredores num verdadeiro acto animalesco de agressividade, individualismo e stress (nos EUA, NY, um empregado de uma loja foi esmagado por 300 clientes esquizofrénicos pelos saldos). O que me preocupa é que até aos domingos as pessoas estejam cravadas desse mal mundial chamado stress.
As filas de trânsito por volta das três horas eram já longas e quando voltávamos no regresso imensamente longas e sem mais delongas vos digo que era um achado acharmos um lugar para estacionar. Aqui ainda se acentua mais gravemente o stress e a falta de educação.
Pois não é que depois de perguntar a um casal que estava a arrumar umas compras na bagageira do carro e de uma espera de cinco minutos para eles desocuparem o lugar vem um espertinho lá de longe e ocupar o lugar que eu me preparava para abordar de marcha atrás engrenada e sinalizando com os piscas. Eu estava à espera fazia uns bons cinco minutos e o tipo que vinha a chegar nem deu tempo para realizar a manobra, achando porém que estava pleno de razão. Sorte de eu andar afeiçoado de uma calma fora do vulgar, pois caso contrário poderia haver chatices. Mas sabem o que irrita: nesse dia vi outro tipo a fazer o mesmo; em ambos os casos tratava-se de azeiteiros de BMW com pneus largos, madeixas oxigenadas no cabelo e dentes podres, como podres seriam os seus valores sociais.
Infelizmente o país está cheio de pessoas assim, escumalha, ocas de espírito e sem valores e são pessoas assim que cada vez saem mais das escolas e mais sairão daqui para diante. (Parece que esta semana foi mais um imbecil que deu uns valentes murros numa professora como forma de retaliar uma ida ao Conselho Executivo).
Toda esta lenga lenga para vos dizer que a melhor parte do domingo foi um passeio à beira da Ria Formosa pela manhã. O som das gaivotas, o rajar tranquilizante do mar muralhado pela gigantes pedras que travam como gigantes a sua fúria. Passeei, comprei o jornal, li, reli, bebi um martini com cerveja e alcei para casa novamente. A melhor parte do Algarve é mesmo o mar…
Caminhei como um puro pedestriano pelas labirínticas ruas aqui da baixa e o problema maior é desviar-me dos dejectos orgânicos dos cães despojados a embelezar as trabalhadas calçadas da cidade. Se uma pessoa não tem cuidado chega ao lar doce lar com as solas dos sapatos engraxadas de castanho e perfumadas gratuitamente, ehehehehe.

PS: decidi não trabalhar mais ao domingo, é altura de travar e dizer não, afinal já bastou o sábado inteirinho agarrado ao computador de volta das merdices e papeladas inúteis.

Um comentário:

JULIO MENDES disse...

jony, realmente esses domingos são bem diferentes dos de cá decima, deve ser um stress de um raio, uma pessoa depois de uma semana de aulas, ao fim de semana ainda teres de te render á papelada e ao pc. boas noticias para mim, dia de natal, quer dizer, noite de 24, n estou no trabalho, a gente vesse no terreiro á hora do custume. até lá grande abraço, força nisso.