sábado, 13 de dezembro de 2008

Fiz greve...pela primeira vez

Tal e qual como vos digo: fiz greve pela primeira vez, provavelmente a primeira de muitas que urge fazer contra o Trio do Mal que tenta amedrontar e enxovalha sem qualquer desprimor uma classe tão valiosa na construção das bases e da força de qualquer povo. Porque mais pobres que os pobres de espírito são os que tem espírito e não o governam.
Foi a primeira vez, e reforço que não fiz greve contra a avaliação da minha profissão, fi-lo contra três pessoas que ao verem-se empoleirados em galhos tão altos pensam que daí podem massacrar e eliminar o pobre mexilhão que esgravata num terreno podre e pantanoso. São três senhores, ou melhor dizendo, um senhor e uma senhora que não tem postura política nem moralidade para pedirem sacrifícios vãos a alguém, visto que, pelo que se conhece, nunca foram exemplo de trabalho e desempenho.
Não aceitam confrontações directas e não possuem argumentos para debater o que quer que seja em qualquer campo, sendo o único argumento o ódio cego que os motiva e alimenta.
Pobre do General que desmotiva e desmembra as suas tropas, nunca mais ganhará uma guerra.
Sim, há maus professores e baldas, mas nas outras profissões também há, concordo que é preciso separar o trigo do joio, mas neste caso ainda se aumenta mais as discrepâncias pois favorece-se mais os ratos de escritório do que os cavalos de batalha que entram e desbravam qualquer terreno. Os melhores professores irão abandonar o ensino à mínima oportunidade, não tenho dúvidas! Ninguém está para aturar congeminações doentias e servir eternamente de cobaias.
E meus amigos convençam-se de uma coisa que é a mais pura verdade: sem massa não se faz pão e este modelo quer nivelar todos os alunos, sabendo nós de antemão que é impossível porque as capacidades individuais, as motivações, o meio social e as afectividades são muito díspares. Há alunos que por mais malabarismos que um professor faça – se necessário o pino – não conseguem, e agora a culpa é do professor! Sempre foi assim, não podemos andar a trabalhar para enganar as estatísticas.
Então que arranjem estratégias sérias, como por exemplo fazer uma triagem como se faz em alguns países da Europa, quem tem capacidades para um ensino mais exigente segue essa variante, quem não está vocacionado envereda logo no final do 2º ciclo por um ensino mais profissionalizante. Não se pode cair todavia no ridículo de facilitar e transmitir a ideia que são cursos fáceis e portanto nem é preciso fazer nada para se passar. Isso é o que acontece actualmente, inclusivamente em cursos tecnológicos do secundário onde há ordens expressas para “aturar” meninos mal comportados de dezoito anos que todos os dias fazem asneira atrás de asneira porque até é fixe gozar com os professores e sabem que tem a faca e o pão na mão. Os pais também sabem que enquanto estão na escola até nem fazem coisas mais graves e não tem de os aturar.
Esta é a realidade e tenho a certeza que nenhum ministro da educação aguentava dar uma aula a criancinhas tão queridas e inocentes.
Se querem mudar para melhor tem que ser sérios e não criar modelos economicistas que visam apenas poupar uns tostões do rechonchudo mealheiro de estado para repartir por uns amigos que tem lá a gerir uns pseudoprojectos sem utilidade. Se querem mudar urge conhecerem a realidade das escolas, os verdadeiros problemas e não entreterem-se a enganar a opinião pública, fazendo passar os professores por tapetes onde qualquer um pode limpar os pés.

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