quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Culpado eu!?

Este fim-de-semana passei-o junto aos meus mais queridos em Seia, localidade de Corgas, a minha Santa terrinha.
Desta vez decidi deslocar-me de transportes públicos pois o medo das multas já me ocupa parte do consciente. Em doze anos de carta (sempre limpos), inclusivamente um ano de motorista TIR, não soube o qual era a cor do impresso de um auto, fosse qual fosse a sua nacionalidade. Sempre tentei cumprir, assim como sempre pautei a minha condução pelas boas regras do civismo, bom senso e responsabilidade.
Mas como tudo tem um princípio, este ano, aqui pelos all garbes, tive duas jeitosas prendas de Natal. Uma aconteceu mesmo na véspera desta época festiva, em Olhão, numa estrada com duas vias de circulação para cada sentido, limitadas com um sinal de 50 que mal se avista entre os densos arbustos. Aliás para perceberem a minha inocência, asseguro-vos que dei conta que uns metros à frente estava um Toyota azul com um radar no interior, mas não tive a percepção do sinal e pensei cá para os meus botões que até ia devagar tendo em conta o tipo de itinerário.
Nos entre tempos das férias recebi um novo presente, desta vez da Brigada de Transito de Portalegre. Caminhava nessas desventuradas horas a passos largos nas longitudinais rectas do interior alentejano, ali mesmo entre Évora e Portalegre. A questão é que transgredi e fui culpado por isso tendo que pagar como manda a lei. Agora o melhor é mesmo andar de autocarro sempre que for mais rentável.
Esta semana saiu o tão esperado veredicto para o colega que, por grande infelicidade, teve o aparatoso acidente em Inglaterra, com registo de seis vítimas mortais, praticamente uma família.
Afinal de contas, e depois de tantas informações contraditórias, a justiça britânica concluiu das suas averiguações que se trata de um condutor sem registos criminais nem antecedentes na estrada, no fundo foi considerado um bom condutor.
De igual forma, foram anuladas as teorias que tinha feito candonga com os discos e respectivo tacógrafo e limitador (ambos aparelhos que deviam existir nas viaturas ligeiras), que ia ao telemóvel, que ia bêbedo, e não sei quantas mais más-línguas infundadas de que a comunicação social portuguesa foi uma impagável e usurpadora prostituta, vendendo-se a tudo e mais alguma coisa, por truta e meia.
Fiquei desconsolado com os habituais comentadores de jornais e blogs, que, mais uma vez são os maiores e melhores condutores, acusando sempre os outros pelo que suceda, porque está fora de questão que cometam erros, afinal até nem devem ser humanos, por lá serão antes uma espécie que aterrou aqui por indicações do GPS.
Acusa-se os homens da estrada por tudo e mais alguma coisa; que não respeitam, que levam tudo e todos e na frente, até lhe apontam o dedo porque não tem casa durante a semana, logo também nem tomarão banho – pensa lá no seu encolhido cérebro essa gente. Esquecem-se de olhar para o próprio umbigo e perceber que até nem são os camiões que andam por ai a 200 Km/h ou que realizam ultrapassagens de elevado índice de insanidade e loucura.
Por outro lado, fico ainda mais desgastado da minha alma quando leio e ouço colegas de profissão a lançar imediatas farpas e suposições sobre isto e aquilo. Às tantas ia a fazer asneira nos discos, se calhar o gajo ia bêbedo, se fosse eu nunca aconteceria, eu sou bom ao volante e ninguém me ensina nada – advogam. É mentira, um dia o azar pode bater à porta de qualquer um, e depois…que dirão?
- A culpa foi do outro, eu tenho medo é dos outros….
Antes de falarmos deveríamos fazer uma profunda reflexão sobre nós próprios, será a melhor forma de corrigir muitos erros…e não nos cingirmos a avaliar os erros dos outros. A estrada não permite um erro, mas mesmo os melhores erram.
Sabem que se tiverem um acidente em Inglaterra, mesmo com um ligeiro, são detidos assim como todos os bens até realizarem as peritagens e concluírem as averiguações. Pensem nisso!
Os ingleses na restante Europa são Europeus, mas os europeus da restante Europa na Inglaterra são estrangeiros.

Um comentário:

AmSilva® disse...

infelizmente muitos sabem guiar, mas poucos sabem conduzir!
é facil apontar para não ser apontado, e como sabemos há muita gente que assim faz...
Sou humano, logo erro, mas há erros e erros, na verdade reparam mais nos pesados porque são grandes, dão nas vistas, e depois não compreendem, nem procuram entender como é possivel manobrar e circular com tantos metros e toneladas...
Abraço, boas viagens