quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Perdido em Zaragoça

Faz precisamente hoje um ano que me vi quase irremediavelmente perdido no meio de Zaragoça, bem aqui ao lado na nossa centenária vizinha Espanha.
Ora bem, aí vai o Joni agarrado ao grande volante do Virgolino quando se depara com um sério imprevisto. Existem duas estradas que levam ao cliente onde ia descarregar os rolos de eucalipto e como ainda não tinha um mapa pormenorizado de Espanha fiei-me nas precisas indicações do meu infalível GPS. Tudo bem, pensei, não me apercebendo da alhada onde me ia meter, pois levava o raio do instrumento com a opção caminho mais curto seleccionada.
A estrada até parecia boa, com duas e três vias em cada sentido, até que bati com os olhos de frente a uma placa que me avisava da proibição para pesados com mais de 7, 5 T a partir dai, não havendo, por outro lado, forma de efectuar uma inversão de marcha neste turbilhão de vias. Bem, seja o que Deus quiser – disse para mim e para o Virgolino.
Andei para a frente, visto que “para a frente é que é Lisboa”. Emproado mas sozinho em tamanho o Virgolino deu nas vistas logo a entrada da cidade. Parei numa bomba, sem entrada para pesados, claro está, onde fui atendido por duas moçoilas bem giras, morenaças, altas de ossos e de sorriso esclarecido. Bem, pelo menos já tive vistas um pouco piores, eheheh.
Conversa para aqui, conversa para ali, iam entrando os clientes e todos me tentavam fazer um esboço para dali me ver livre. Conclusão, fiquei a saber o mesmo!
Despedi-me com um caloroso gracias das meninas e fui em frente, até a uma confusão de vias entrelaçadas, todas a apontarem para o ornamentado centro histórico da cidade. Não havia forma de arranjar sitio para dar a volta, ainda fiz sinal a policia para me ajudar, mas nem eles quiseram saber que andava anormalmente por ali um veículo de 40 toneladas em movimento quase orbital. Levantei-lhe a mão e eles retribuíram gentilmente com um aceno, ehehehe! Para as saídas laterais não podia enfiar-me pois também eram proibidas a todos os pesados, enquanto para a frente passavam autocarros, logo o Virgolino também passaria.
Cheguei a pontos que me vi apertado em vias estreitas, curvas dobradas e semáforos para todo e qualquer sítio e sentido. Houve até uma vez que passei com o rodado traseiro por cima de um colorido jardim para conseguir passar.
Depois de quase uma hora e meia às voltas, passeando o Virgolino e os rolos de eucaliptos à beira de museus, igrejas, ruas apertadas de comércio de luxo e vistosos centros comerciais, sempre a ver todos os olhos curiosos focados em tamanho aparato, consegui chegar a uma rua que me indicara a direcção da fábrica.
Claro está, que das próximas vezes que por ali passei nunca mais me enganei na estrada, mas quando não conhecemos e temos poucas jornadas de trabalho pode acontecer isto.

3 comentários:

AmSilva® disse...

Uiiiiii
sei bem o que isso custa!!
Há cerca de 6 anos atrás fiz o mesmo em Wien... e só depois de passar numa grande praça, que já nem ligeiros lá andavam é que a policia olhou pra mim, aproximou-se com a sua mota, viu a matricula e simplesmente foi-se embora, já do outro lado comprei numa BP um mapa de Wien, onde por acaso trabalhava um portuga, o mais simples foi dar a volta á cidade , entrar de novo, fazer 300mts virar á direita, entrar no portão grande azul que se vê desde a avenida e descarregar...
Abraço, boas viagens!

Anônimo disse...

Bem Joni, vida de camionista não parece nada fácil... 40 toneladas no centro de uma cidade? Eras um verdadeiro artista de camiões, no bom sentido do termo.

Bjs

Joni disse...

Amsilca e Sandrita:
Na minha primeira viagem sozinho, perdi-me em Paris, fui parar a Versalhes, passei perto da torre Eiffel e da zona histórica...quando entrei na RN 20 começei a ter alucinações: vi um terço gigante na estrada, encostei mesmo num daqueles parques malucos e toca a dormir, lol.
Só nós que passamos por elas é que compreendemos.

Abraço e boas viagens...