domingo, 13 de março de 2011

Palavras Proibidas

José morreu calado

Culpado pelas palavras que dizia

Não usava coldre nem facas

Mas falava em tom afiado


Morreu

E ninguém quis saber

Sozinho, indefeso dos carrascos

Só a pedra lapidada,

Espirrada de palavras

Triste fim testemunhou


Quem desce a calçada

Já não a vê rubra

Está lavada das palavras

Mas não esquece o saudoso Zé

Perseguido até aos cimos da serra

Quis o destino que sucumbisse tão longe

Além do mar

Longe dos seus, da sua terra


Disse sarcasmos aos agarrados do poder

Não pensava mal quando o fez

Era a verdade que queria narrar

Mas a uns quantos tocou na ferida aberta

E para isso não há remédio

Tamanho intento fez doer


Mesmo quem não quis saber

Não consegue esquecer

Das palavras fortes que dizia

Há-de um dia agradecer

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