quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Aconteceu em Madrid

Às uns dias atrás sonhei, sonhei muito e por longas horas. Quando tirei o corpinho da cama e me espreguicei furiosamente doía-me a caixa pensante de tanto sonhar e tornar a sonhar.
Fiquei só com o Virgolino na AP 6 entre Sanchadrian e Madrid. Todos os carros, motas, caminetas, autocarros e camiões ficaram assim, parados num ar que se lhe deu. Olhei para o interior nem uma mosca quebrava o misterioso silêncio. Estranho, digo eu meio atemorizado. Que monotonia. Até o carro patrulha da Guarda Civil estava ali imóvel, rádio e CB abafados pelo silêncio. Apenas os bonés pousados no tablier do carro e umas papeladas no banco de trás…
Mas que fila longa nas duas vias de circulação da auto-estrada, nunca vi tanto carro amontoado na minha vida, porém também nunca assistira a tanto silêncio, uma espécie de surdez. Só eu no mundo. De repente nem os telemóveis funcionavam, liguei e tornei a ligar e nenhum sinal de ninguém. Mas para onde foram todos. Parece que partiram para outro planeta ou foram aprisionados por uma nova ordem mundial de força e levados para outros confins…se calhar foram capturados e tornados escravos dessa ordem obrigando-os a trabalhar arduamente num planeta árido a partir pedra, sempre guardados por gigantes e mal encarados monstros de dentes amarelados do podre e olhos salientes e esbugalhados.
Afinal porque só me deixaram a mim no mundo. Às tantas não me viram…
Tocou o telemóvel. Era o despertador. Gosto de acordar ao som de música.
De repente comecei a ouvir os carros a assobiar ferozmente e a rolar pela estrada para cima e para baixo. Percebi então que estava a dormir e acordei de um estranho pesadelo. A primeira notícia que escutei no rádio dava conta de um terrível acidente no aeroporto de Madrid onde tinham perdido a vida cerca de seis dezenas de pessoas.
De facto algo estranho tinha acontecido em Madrid…

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