quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Os novos campos de trabalhos forçados…


Do 8 ao 80. Assim se pode classificar a mudança radical no malfadado sistema de ensino português. De uma coisa estou convencido: em nada se tem melhorado a qualidade e os resultados. Cada vez dou mais razão à velha frase do meu pai “aprendia mais antigamente até à quarta classe que agora aprendem até ao nono ano.” Seria bom que fosse mentira disparatada mas infelizmente é uma verdade cristalina.
Os resultados apresentados são uma conspirada farsa de verborreia estatística e interesse político. Estamos numa época de nomes pomposos, já não se deve dizer negativa mas nível inferior. Estamos embrenhados num sistema de palavras modernas que não conseguem esconder a tragédia dos resultados manhosamente preparados. O facilitismo é medonho! Antes passava, ou melhor transitava (é mais melhor lindo) quem sabia, hoje congeminaram-se formas para não reter ninguém (reter é um sinónimo de chumbar, mas soa melhor e tal e coisa…).
Já fui director de turma do 8.º ano aqui à uns pretéritos três anos e fiquei escandalizado e tremendamente abismado com o que vi. Sabem quantos relatórios são necessários para se “reter” um aluno, ou eram, porque entretanto já devem ser mais: três relatórios bem extensos de um igualmente extenso vocabulário. Atenção, mesmo assim, e apesar de tudo bem fundamentado o aluno ainda se habilita a passar, não vá passar pela cabeça do papá “meter um recurso” para passar o filhinho, afinal até já comprou a Play Station IV pela sua passagem de ano. “E agora querem aqueles professores que não fazem nada e ganham rios de dinheiros estragar a prenda do meu filhinho querido que estuda tanto e se porta como um anjinho nas aulas” - opinará o papá. É TRISTE.
Triste, mas copiosamente tristes são os exames do 3.ª ciclo. Fáceis e propositadamente talhados para as estatísticas a apresentar ao país e à União.
Mas enfim, afinal os professores é que chumbam os meninos, por isso são os culpados de tudo! E olha se os pais não conseguem educar os meninos em casa os professores que os aturem. Eles ganham tanto dinheiro para isso. Também é triste que assim se pense no nosso país.
De uma coisa podem ter a certeza, pelo dinheiro poucos seriam professores porque, caso se fique longe de casa pouco sobra no final do mês.
Hoje em dia a escola tornou-se um campo de trabalhos burocráticos para os professores. Passam-se horas e horas em volta de papéis que nem para uma coisa que eu sei prestam. São muito duros.
Faz umas semanas que não consigo dormir seis horas descansado. São demasiados papéis: é assustador e inumano. Infelizmente pior que o pior dos estágios.
Eles dizem que assim é que deve ser. Sinceramente hei-de assistir glorioso ao dia em que toda esta demagogia de rancor ruir e cair sem amparo num abismo bem fundo, abissal.
Pacientemente espero por dias mais alegres e motivantes no ensino…

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