sábado, 17 de maio de 2008

Fim-de-semana com o macaco do amor



Boa tarde!
Desta vez calhou-me um fim-de-semana com o verdadeiro às do amor, mais conhecido entre as orles camionistas como o Macaco do Amor, tal é a sua comprovada experiência nos quentes e arguciosos actos de engate, enfim um inatingível mestre.
Mas começamos pelo inicio. Na terça-feira pela manhã agarrei no Virgolino e botei-o virado para Braga, onde me esperava uma descarga de barras de ferro. Mal lá cheguei foi o fim do mundo pois chamara-me um louco tal a forma como a carga ia acondicionada, ferro assente sobre ferro. Normalmente devia apoiar pelo menos sobre barrotes de madeira para o impedir de escorregar como sola sobre sabão, mas isso não faz parte do material acompanhante do Virgolino.
Pronto, lá me descarregaram depois de ter perdido uns cinco minutos para realizar a manobra de abordagem ao armazém com ferro por todo lado e com a minha grande experiência, eheheheheh.
Posto isto, virei para ali perto para carregar material inicialmente previsto para as dez horas mas eram duas da manha quando encostei ao cais e cinco quando retirei o reboque. Pois, isto não devia ser assim, mas que remédio para quem quer trabalhar…não há volta a dar.
Quinta-feira descarreguei em Zaragoça à noite e toca a deitar a fronha para restabelecer forças para levantar uma carga no dia seguinte.
Entretanto a viajem até Zaragoça foi o reencontrar do meu amigo Verdinho que vinha acompanhado pela sua esposa para mais uma volta pelas faixas negras europeias. Falamos novamente de tudo e mais alguma coisa, desde literatura, agricultura, sexo, mulheres, carros…menos futebol, ehehehehh. Enfim, tudo para espantar o sono que se avizinhava dolorosamente por estes lados.
Em Zaragoça não foi fácil. Cheguei às dez e meia para carregar e eram quase oito da tarde quando saí dali, já com os nervos à flor da pele. E vou contar-vos outra: por volta das duas abeirou-se uma senhora do escritório do meu camião – pestanejava eu em cima do volante – e, com muita simpatia, disse-me para meter o Virgolino dentro do lugar da carga para assim mo albardarem. Tudo bem não fosse eu estar lá dentro e chegar um mal-encarado que se me dirigiu desta forma: sai daqui, põe o camião lá fora. Podia pelo menos dizer assim: a carga não está pronta, depois chamam-te, ok. Mas não, parecia que estava a falar para o cão que tem em casa e certamente tratará melhor que os seus subjugados na empresa. Passei-me mesmo e disse-lhe - mas estão a gozar comigo, primeiro manda-me entrar, agora parece que está a falar para algum bicho é!? Enquanto isso telefonaram-me e perguntaram se já me tinham carregado. Contei-lhe o que se estava a passar e devia por lá ter havido uma descasca que o tipo saiu para casa nem para mim olhou, sabem com o seu olhar absorto espetado no chão. E depois os camionistas é que são mal-educados, tomaram muitos terem a educação da maioria. Enfim, são coisas da vida. O que não esqueço é o sorriso da mulher simpática do escritório que me fez logo pensar em coisas mais alegres, ehehehehh
Posto isto quase fiquei sem horário para andar e portanto estragou-me o horário para chegar ao cliente…
Andei quase 800 Km e cheguei ao Centre Routier de Orleans, que para quem não sabe sita a mais ou menos 100 Km de Paris. Aqui começou a verdadeira aventura: conheci o Macaco do Amor. Uma figura incontornável no mundo camionista! Juntamente com ele chegaram também o Tatoo e o Pichas. E eu já a pensar que ia ficar aqui sozinho entre polacos, checos e búlgaros. Até me nasceu uma alma nova uma vez que iria estar domingo e segunda parado (nos feriados é proibido circular em França). Logo na primeira abordagem vejo um tipo que depois soube ser o Tatoo a sair da caminete com um punhado de cervejolas frescas na mão, oferecendo-me de imediato uma. Ora que festa se preparava. Apresentações da praxe e zás logo mais uma bejeca para cada um. Estavam tão fresquinhas que nem vos digo, parecia mel.
Conversa puxa conversa e mais uma para a goela. Sem mais aproximou-se a hora do jantar. Comemos que nem uns lordes, aliás como comemos durante todo o fim-de-semana e malhamos uns shots preparados pelo Tatoo, um verdadeiro especialista nestas lides. Dormi que nem um anjo e com sonhos tão lindos, ai… Ao outro dia foi um churrasco à boa maneira portuguesa com arroz e batata frita regado com mais umas especialidades divinais do Tatoo, nem imaginam.
Tudo bem até nos dar da real gana de ir procurar um centro comercial. O Tatoo estendeu-se ao sol e busca de um bronze de fazer grande inveja aos fanáticos do solário e nós pegamos no GPS e toca a seguir as suas indicações. Vira por ai fora até à portagem da Auto-estrada quando nos aparecem de frente os temidos Germanderie (congéneres da GNR portuguesa), por acaso afeiçoados de boa disposição. Qu´est ce que vous fais ici? – advogaram eles surpreendidos com três marmanjos na berma da auto-estrada. Valeu-nos a lábia do Macaco do Amor que falava fluentemente francês, fruto das suas vivências durante 30 anos a quebrar corações de belas e assanhadas donzelas francesas. Até teve o gozo de lhes dizer: “é um prazer andar num carro da Germanderie”. Pois, é verdade, eles deram-nos boleia mas logo nos avisaram que para cá teríamos de voltar de táxi, pois se nos apanhassem por aqui de novo teríamos maiores consequências, eheheheh. Deixaram-nos na área de serviço mais próxima, apreciámos as miúdas mas também sabíamos igualmente que estavam à nossa cola. Ora pois se o Macaco do Amor fala francês perfeito já o Pichas habla mui bien espanhol. Com uma lábia de vendedor pedimos boleia a um espanhol que por ali fazia uma pausa. Trouxe-nos de volta a base e toca a fazer o jantar que se avizinhava a hora.
Antes disto, ainda vimos uns trechos de uns filmes de cambalhotas para animar, na falta de melhor olhem é assim, eheheheheh
Mais uma vez estava-me a faltar um pormenor…tomei banho ao ar livre. Estava todo suado - tanto que parecia um labrego -, não havia duche nestas bandas e colava-se a camisola às costas e as cuecas às virilhas. Nem mais, despi-me e tomei banho nu com os carros a passarem na estrada ao lado. Desde que aqui ando até já perdi o meu pudor e timidez, até já escoo os meus efluentes líquidos em qualquer lado…eheheheh
Já viram como é a vida, estranha e recheada de mudanças….
Até breve

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