sexta-feira, 30 de maio de 2008

Psicologia barata

Bom dia gente, estão bem?
Eu cá vou indo como a vida assim permite. Nesta ocasião estou em Liége, numa área logística, ou seja de armazenagem e distribuição de mercadorias. Ontem descarreguei numa falada marca automóvel em Genk, aqui nas proximidades. Pois bem, andei meio-dia para descarregar até, finalmente, contactar o tráfego para informar que estava vazio. Como tal, recebi ordens para carregar no mesmo sítio contentores vazios, mas…atenção que como a carga não enche por completo a galera é necessário ir fazer grupagem com mais uma carga. Até então, tudo dentro dos conformes, não fosse a pressa desenfreada do senhor do tráfego em fazer-me chegar ao cliente – a uma distância de 40 km – sabendo de antemão que aquela só estaria pronta na sexta, era então quarta-feira. Eu ainda aventei que precisava de comprar a vinheta pois só a tinha tirado para terça e quarta, os dias que a priori iria passar na Bélgica. Não, nem pensar, vá já para o cliente rapidamente, deixe a vinheta agora (a vinheta é necessária para circular nas auto-estradas da Benelux e a falta da mesma incorre num auto de cerca de 400 euros, quando esta fica por 8 euros por dia), despache-se, adiantou sem que lhe faltasse o ar. Ok, roda no ar e lá venho eu com o Virgolino a galope de esporas. Chego por volta das 16 horas e já estava fechado, fritei umas febras, dormi, sonhei… levantei-me às 6 horas e sem demoras desloquei-me para o cliente, onde junto do mesmo e da voz do meu patrão ouvi as seguintes palavras: “quem lhe deu a carga, eu tinha-os avisado que essa carga era só para sexta.” Portanto, estão a ver o filme, uma longa-metragem de espera. Mas porque não disseram logo? Qual o prazer de mandarem assim as pessoas com tanta pressa quando afinal até já eram conhecedores da hora e dia da carga. Penso que só por desprezo pelos motoristas, a peça mais barata de um camião. Os meus colegas dizem que é uma forma de picarem, mas digo-vos se essa é uma forma de motivação barata comigo não dá resultado porque para trabalhar não preciso de ser picado, preciso somente de boa disposição.
Mas sabem a minha sorte, mesmo ao lado do cliente é a base da Douane (Fiscal) Belga, e nestes aposentos vende-se a vinheta.
Entretanto tive a companhia de um típico português de cara arredondada, barba cerrada e visível protuberância no bucho, entre tantos outros, a residir e trabalhar no Luxemburgo. Conversa do costume e ninho que se faz tarde. Toca a deitar as bochechas rubras do quentinho na caminha.
È verdade já me esquecia de vos informar em primeira mão que também estou a ficar com uma saliência na barriguinha, pois, tenho que começar a ter cuidado com o repasto, eu sei.
Enquanto estive a escrever este texto adormeci com as cortinas abertas e tive um sonho erótico. Daqueles em que se experimentam todas as posições de fazer amor. Vá-se lá saber se enquanto tal não estive para aqui a roçar-me em cima da cama e as pessoas a passarem aqui à frente a contemplarem o espectáculo gratuito. Mas também não me arrelio, pois como já vos disse isto fez-me muito bem, perdi todos os complexos e vergonha. Dizem que a tropa faz um homem, mas penso que aqui se fazem mais homens ainda.
Agora estou para aqui com a cabeça às voltas com a caixa pensante a congeminar no segredo dos deuses no jantar, que tal vitela estufada com massa, são servidos? Vou ver disso.
Adeus

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