domingo, 1 de novembro de 2009

O país dos pobres

Um destes dias numa pesquisa rotineira sobre os números da pobreza em portugal dei de caras com o que à partida já todos sabemos e infelizmente nos habituámos a ouvir – vivemos no país onde o fosso entre ricos e pobres é mais fundo.
São muitos os pobres e poucos os ricos, mas esses ricos concentram uma riqueza insuperável e inatingível – quase a anos luz – por todos os pobres juntos. Dois milhões vivem com menos de sessenta por cento do ordenado médio em Portugal, que ronda os seiscentos e trinta euros. Sendo assim, 20% dos portugueses vivem abaixo do limiar da pobreza. A ver bem, como é possível que alguém consiga governar a sua vida com mísera quantia? Cerca de 150 euros gasto eu em combustível para me deslocar diariamente para o trabalho.
Contudo, surgiu-me depois outra informação algo contraditória quee nessa noite de insónia me consumiu pensamentos, contra pensamentos, raciocínios lógicos e teorias quão tristes como mirabolantes.
Uma grande fatia do rendimento de inserção é canalizada para uma faixa etária abaixo de vinte anos. Os idosos que trabalharam a vida toda com sacríficio, louvor pelo trabalho e honestidade vêm chegar à sua caixa de correio um cheque que não raras vezes gastam na primeira ida que fazem a farmácia do canto ou da avenida.
A esperança média de vida (número médio de anos que se espera viver à nascença) em Portugal é cada vez mais elevada em Portugal, no entanto essa face do desenvolvimento envolve verbas elevadas em intalações e apoios à terceira idade, porque com o avanço irreversivel da idade a luta pela vida é cada vez mais feroz. As maleitas vêm e os medicamentos custam pequenas grandes fortunas.
Os chamados velhos-novos (velhos para trabalhar novos para a reforma) depois de anos a lutar pelos chorudos lucros dos seus patrões são postos na rua com uma mão à frente outra atrás e olham para o futuro de forma sombria. As casas precisam de ser saldadas ao banco – que nada em dinheiro - e os filhos ainda pedem pão à mesa.
Todavia, o problema está nos jovens, grande parte abaixo dos 20 anos que recebem a grande fatia do bolo dos rendimentos mínimos e de inserção social. Pergunto-me do porquê e a resposta não consegue aflorar pelos pequenos impulsos nervosos à superfície da minha massa cinzenta. E decerto nesta franja não estão incluídos os que procuram trabalho com humildade e dispostos a baixar a fasquia posta em alta nos seus sonhos mais antigos e alegres. Porque esses não têm direitos a esses apoios. Desenrasquem-se.
São muitos destes jovens que a sociedade e a escola portuguesa está a criar. Não há dinheiro para os bens básicos mas há com fartura para comprar uma Play Station nova ou o ultimo modelo de telemóvel que foi lançado. Queixam-se que não têm as mesmas oportunidades dos outros mas não aceitam qualquer trabalho. São fidalgos. É tão bom passar o dia no café onde se toma o pequeno-almoço, e bebe cerveja de manhã à noite a ver os outros sairem e entrarem em casa cansados da luta diária.
Revolta-me isto, para não dizer enoja-me. Vivem às nossas custas e ainda gozam com que trabalha honestamente.
Eu já fiquei desempregado algumas vezes e fui obrigado a volver mundos e fundos para trabalhar, aceitando o que me surgiu sem negar a oportunidade.
Estamos a criar uma sociedade subsido dependente para estes jovens.
Faz-me lembrar a França, onde se amontoam bairros insalubres, a droga domina e os gangs impoem a sua autoridade sobre a polícia. Isto acerca de uma reportagem que vi no bairro Les Bousquets nos arredores da cidade Luz que se mostra ao mundo brilhante e luxuriosa.
Calças ao fundo do cu, fones ao ouvido e capuz na cabeça avisavam que “despachavam “ quem caminhasse no seu território sem o seu nobre consentimento. Mostravam ao mundo orgulhosos as caves manchadas de sangue das vítimas indefesas.
Defendiam hipócritamente que viviam assim porque a sociedade não lhes dava oportunidade. Ou será que não procuram e nem lhes interessa!?
Apetece-me dizer: libertem a raiva no trabalho que decerto a obra fica com telhado num ar que se lhe deu.

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