sábado, 3 de setembro de 2011
Hoje ouvi um senhor engravatado a dizer isto...
"A diminuição da qualidade e do nível de vida dos portugueses pode ser benéfica para a economia visto que levará a uma diminuição das importações".
Ia caindo do sofá ao ouvir isto e, na senda do que eu já pensava - sem ser economista -, vivemos numa sociedade de objectivos económicos, que, pura e simplesmente, se está a lixar para o comum dos cidadãos. Obviamente quem disse estas palavras, num programa informativo da TV por cabo, está bem na vida e nem sequer precisará de fazer sacrifícios patrióticos, porque para isso existimos nós, os pobretanas.
Enfim, são estas pessoas os génios da nação que ganham balúrdios à custa de quem realmente trabalha e soa todos os dias para ir vivendo...
Ia caindo do sofá ao ouvir isto e, na senda do que eu já pensava - sem ser economista -, vivemos numa sociedade de objectivos económicos, que, pura e simplesmente, se está a lixar para o comum dos cidadãos. Obviamente quem disse estas palavras, num programa informativo da TV por cabo, está bem na vida e nem sequer precisará de fazer sacrifícios patrióticos, porque para isso existimos nós, os pobretanas.
Enfim, são estas pessoas os génios da nação que ganham balúrdios à custa de quem realmente trabalha e soa todos os dias para ir vivendo...
domingo, 3 de abril de 2011
renascer
Nos dias mais longos deixo-me sonhar
embalado pelos tempos passados
aí enterrado num lamaçal de aflições
parco de forças, restavam as lastimas
a pedir desculpa pelos pecados
Sentia-me um espaço vazio
Perdido nas dunas de um deserto seco
até que acreditaste em mim
iluminando tudo e tão intenso
que ofuscaste até o sol que nascia
Abanaste-me
Acordaste-me
arrastaste-me da lama e das dunas a ferver
e entoando com toda a força,
de dentro de ti gritaste
para me trazeres de novo ao mundo
Deixei ficar para trás tantos momentos
que recordo alegre
mas já sem nostalgia
o rio que serpentava fresco no vale apertado
a árvore coroada com a cabana de paus
Já passou,
relembro mas como o tempo lá vai
levado por mais uma rajada de vento
vivo de novo
alimentado por cada dia que vem
e cada um que agora penso
não é só mais um dia
Joni
embalado pelos tempos passados
aí enterrado num lamaçal de aflições
parco de forças, restavam as lastimas
a pedir desculpa pelos pecados
Sentia-me um espaço vazio
Perdido nas dunas de um deserto seco
até que acreditaste em mim
iluminando tudo e tão intenso
que ofuscaste até o sol que nascia
Abanaste-me
Acordaste-me
arrastaste-me da lama e das dunas a ferver
e entoando com toda a força,
de dentro de ti gritaste
para me trazeres de novo ao mundo
Deixei ficar para trás tantos momentos
que recordo alegre
mas já sem nostalgia
o rio que serpentava fresco no vale apertado
a árvore coroada com a cabana de paus
Já passou,
relembro mas como o tempo lá vai
levado por mais uma rajada de vento
vivo de novo
alimentado por cada dia que vem
e cada um que agora penso
não é só mais um dia
Joni
sábado, 19 de março de 2011
Que rio tumultuoso este
assume-se e leva tudo de arrasto
mas à semelhança de quem forte se veste
afunda-se senil no mar vasto
Irremediável estado de vida
flutuando em vitórias passadas
volúvel entre a alegria e o choro da ida
custa acreditar que o seu tempo havia de chegar
tanto sonho resume-se a ilusão
os títulos que não se alcançaram
tal o rio que meandra frente à rocha dura
sangue e suor que se pensa em vão
Nunca fugir à luta foi uma solução
e triste é quem não acredita
morremos e connosco acaba a tentação
mas jamais morre a verdade que foi dita
ser feliz assim
às vezes sem ganhar
sonhando que a realidade vai mudar
sem desistir
nunca perder foi o fim
Joni
assume-se e leva tudo de arrasto
mas à semelhança de quem forte se veste
afunda-se senil no mar vasto
Irremediável estado de vida
flutuando em vitórias passadas
volúvel entre a alegria e o choro da ida
custa acreditar que o seu tempo havia de chegar
tanto sonho resume-se a ilusão
os títulos que não se alcançaram
tal o rio que meandra frente à rocha dura
sangue e suor que se pensa em vão
Nunca fugir à luta foi uma solução
e triste é quem não acredita
morremos e connosco acaba a tentação
mas jamais morre a verdade que foi dita
ser feliz assim
às vezes sem ganhar
sonhando que a realidade vai mudar
sem desistir
nunca perder foi o fim
Joni
domingo, 13 de março de 2011
Este é o nosso Portugal
Ora, caros amigos, pá, para espanto de muitos e incómodo de outros tantos, pá, a canção "A Luta é Alegria", saiu vencedora da votação para representar Portugal no Festival Eurovisão 2011.
Pois é, em boa verdade ninguém estaria à espera, mas a força do povo, pá, não se sentiu cativa dos lambe-botas e compadres interesseiros dos interesses instalados, logrou alcançar este intento, pá.
Ouvi e li muitos comentários deprimentes, fruto de quem não sabe aceitar e compreender o desejo de um povo farto de sofrer, de viver a contar tostões, de ser gozado pelos poderosos, de adiar a natalidade, pá. Quem trabalha está farto de ser roubado, de perder poder de compra, de vasculhar meio mundo e não ter trabalho, do compadrio doentio e interesses instalados na função pública, da corrupção impune dos grandes poderes, enfim, estamos no limite.
Depois, como se não bastasse, fazem tudo para ocultar a verdade, que já não consegue um canto para se esconder, de tão lamacentos que estão os caminhos seguidos.
Ainda há quem diga que os jovens foram mal habituados e que não se sabem desenrascar. Na minha opinião, desenrascar significa remediar para que alguma coisa vá funcionado, e não é assim que um país se desenvolve. É urgente resolver, não apenas desenrascar.
Se há muita gente que não quer trabalhar, também concordo. Mas esses estão mais protegidos que quem realmente quer trabalhar e lutar pela vida.
Mas também há quem queira trabalho, correr mundos e fundos, deprimir e por mais voltas que dê, não encontre quem o acolha. Quem diz que TODOS os jovens querem é boa vida está a profanar algo sagrado, o trabalho, e, normalmente, são pessoas que estão bem, sem nunca terem feito por isso, porque, ou o papá paga as contas, ou convive com o compadrio do poder, ou, é um lambe-botas .
Como diz o outro, com as calças do meu pai também eu sou um homem!
Enfim, uma música que retrata a forma precária como vivemos, com uma melodia e sonoridade tipicamente portuguesa, pá.
Temos que lutar, pá!
Palavras Proibidas
José morreu calado
Culpado pelas palavras que dizia
Não usava coldre nem facas
Mas falava em tom afiado
Morreu
E ninguém quis saber
Sozinho, indefeso dos carrascos
Só a pedra lapidada,
Espirrada de palavras
Triste fim testemunhou
Quem desce a calçada
Já não a vê rubra
Está lavada das palavras
Mas não esquece o saudoso Zé
Perseguido até aos cimos da serra
Quis o destino que sucumbisse tão longe
Além do mar
Longe dos seus, da sua terra
Disse sarcasmos aos agarrados do poder
Não pensava mal quando o fez
Era a verdade que queria narrar
Mas a uns quantos tocou na ferida aberta
E para isso não há remédio
Tamanho intento fez doer
Mesmo quem não quis saber
Não consegue esquecer
Das palavras fortes que dizia
Há-de um dia agradecer
quarta-feira, 9 de março de 2011
Inovações socio-económicas: os contratos orais
Alguém me consegue explicar como se faz a renovação de um contrato de trabalho oralmente!?
Cada vez defendo mais que isto está no descaminho, e nós, impávidos e serenos, como que hipnotizados, nem queremos acreditar no que está a acontecer.
Cada vez defendo mais que isto está no descaminho, e nós, impávidos e serenos, como que hipnotizados, nem queremos acreditar no que está a acontecer.
Alguém disse, nas hordas da política, que o salário dos políticos iria sofrer um corte de 10%, salvo erro, no entanto, a par com este corte minúsculo, logo acresceram um aumento substancial de 20% nas despesas de representação. Conclusão ficaram a ganhar mais 10 %.
Por vezes penso que isto só pode ser gozo, porque na verdadeira acepção da palavra, é disto que se trata, gozar com tudo e com todos. E não me venham com a teoria, que se não pagarem bem a essa gente, eles mudam para o privado, porque no privado não há tantos privilégios e mordomias. Além do mais é engraçado que, por privado, entende-se sobretudo entidades bancárias (que ajudaram a empurrar para o drama em que estacionamos) e empresas que gerem serviços de água, electricidade, telecomunicações, construtoras públicas, as quais, por incrível que pareça, enquanto permaneceram sobre a égide totalitária do estado, nunca apresentavam grandes lucros.
Agora, alguém me explica esta inovação dos contratos orais?
Por quanto tempo são válidos, são feitos na presença de testemunhos - é que com tanto mentiroso!!! - quais as clausulas, os direitos, os deveres....
Alguém me explica... porque eu já acredito em tudo nesta sociedade de lambe-botas.
Agora, alguém me explica esta inovação dos contratos orais?
Por quanto tempo são válidos, são feitos na presença de testemunhos - é que com tanto mentiroso!!! - quais as clausulas, os direitos, os deveres....
Alguém me explica... porque eu já acredito em tudo nesta sociedade de lambe-botas.
quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011
Zeca Afonso
Faz hoje vinte e quatro anos que Deus chamou para junto de si um dos maiores portugueses de sempre. Cantor, poeta, professor, um verdadeiro andarilho que lutou contra as amarras do Fascismo.
Certamente hoje morreria de desgosto num país de vampiros que nunca desapareceram e até se reproduziram na penumbra da noite, sugando o suor de quem trabalha, e mais grave, endividando os filhos da nação. Um país onde a liberdade se confunde com libertinagem!
domingo, 6 de fevereiro de 2011
Tempo
Olá amigos, cá estou para vos dar notícias.
É tarde de domingo e um dia prometi a mim mesmo que, já que trabalho toda a semana, devia ter um dia para descansar. Ora, para isso serve o domingo, o que não impede que seja um dia triste, pois amanhã é novo dia de trabalho árduo.
Fiz uma promessa que não consigo cumprir, visto que estou desde as 9:00 a preparar testes, PWP, fichas de trabalho,... Isto é assim todos os domingos, o que o torna ainda mais triste, logo hoje que o sol raia aqui sobre a janela do meu quarto, na cidade de Olhão.
Mas parei, e fi-lo para vos escrever porque também merecem. Se não tenho escrito é mesmo porque o tempo amarrou-me e não me deixa em paz.
Nisto tudo, que parece mau, há duas ou três coisas que não deixo de fazer, dar uma parte dele à cara metade e praticar Ninjutsu, uma arte marcial antiga que me mantém a alma limpa e o corpo são. É onde liberto as minhas energias negativas, as minhas frustrações de alguns dias que correm menos bem. Aliás, nos dias que correm é imperativo manter-mo-nos alerta, inclusivamente nos meios escolares, onde a violência e as ameaças, a quem quer que seja, já não se escondem de ninguém.
E assim tenho passado os meus dias, entre a escola e o ecrã do computador, quando chego a casa.
Por vezes, dou comigo a pensar, como farei quando tiver filhos?, se agora não tenho tempo para as minhas coisas, se todos os anos me ameaçam despedir.
Que mundo este, tenho a impressão que os nossos pais passaram por muitas dificuldades para nos criar, mas pelo menos tinham tempo para estarem connosco à noite, na mesa ou no sofá da sala. Passeava-mos bastante e agora, quem tem tempo para isto.
Foi onde nos levou esta sociedade, cativa de poucos valores, baseada em objectivos e dinheiro à pressão.
É tarde de domingo e um dia prometi a mim mesmo que, já que trabalho toda a semana, devia ter um dia para descansar. Ora, para isso serve o domingo, o que não impede que seja um dia triste, pois amanhã é novo dia de trabalho árduo.
Fiz uma promessa que não consigo cumprir, visto que estou desde as 9:00 a preparar testes, PWP, fichas de trabalho,... Isto é assim todos os domingos, o que o torna ainda mais triste, logo hoje que o sol raia aqui sobre a janela do meu quarto, na cidade de Olhão.
Mas parei, e fi-lo para vos escrever porque também merecem. Se não tenho escrito é mesmo porque o tempo amarrou-me e não me deixa em paz.
Nisto tudo, que parece mau, há duas ou três coisas que não deixo de fazer, dar uma parte dele à cara metade e praticar Ninjutsu, uma arte marcial antiga que me mantém a alma limpa e o corpo são. É onde liberto as minhas energias negativas, as minhas frustrações de alguns dias que correm menos bem. Aliás, nos dias que correm é imperativo manter-mo-nos alerta, inclusivamente nos meios escolares, onde a violência e as ameaças, a quem quer que seja, já não se escondem de ninguém.
E assim tenho passado os meus dias, entre a escola e o ecrã do computador, quando chego a casa.
Por vezes, dou comigo a pensar, como farei quando tiver filhos?, se agora não tenho tempo para as minhas coisas, se todos os anos me ameaçam despedir.
Que mundo este, tenho a impressão que os nossos pais passaram por muitas dificuldades para nos criar, mas pelo menos tinham tempo para estarem connosco à noite, na mesa ou no sofá da sala. Passeava-mos bastante e agora, quem tem tempo para isto.
Foi onde nos levou esta sociedade, cativa de poucos valores, baseada em objectivos e dinheiro à pressão.
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Zé do Povo
Nas amplas ruas da cidade que se move
faz a sua casa,
em cada canto uma divisão
é o Zé do Povo
não se sabe o verdadeiro nome,
ninguém lhe conhece família
come restos que vasculha no caixote imundo
é o seu pão, as gotas de vinho
O seu cabelo é bem longo
mas não tanto como a idade
dorme no telheiro da paragem
cria nele a cama de rotina
não se aquece com cobertores de lã
aconchega-se com um gasto papelão
Adormece e esquece o mundo
não aquece mas por momentos esquece
é doloroso combater o frio com solidão
só as lágrimas são quentes
até que se apaga
cerrando os olhos
com o ultimo gole de vinho
e o sopro no borrão
que sem lume morre com a exalação
O Zé vive o dia em liberdade
sem amarras e sem leis
toda a gente o conhece
é o Zé do Povo
nem se sabe quem foi seu pai e mãe
é um filho de ninguém
Lá vai ele deambulando
cantando uma triste canção
seguindo sempre o mesmo caminho
há quem o chame louco
Lá vais ele
esperando pela noite
toda a gente o conhece
e sempre a mesma solidão
faz a sua casa,
em cada canto uma divisão
é o Zé do Povo
não se sabe o verdadeiro nome,
ninguém lhe conhece família
come restos que vasculha no caixote imundo
é o seu pão, as gotas de vinho
O seu cabelo é bem longo
mas não tanto como a idade
dorme no telheiro da paragem
cria nele a cama de rotina
não se aquece com cobertores de lã
aconchega-se com um gasto papelão
Adormece e esquece o mundo
não aquece mas por momentos esquece
é doloroso combater o frio com solidão
só as lágrimas são quentes
até que se apaga
cerrando os olhos
com o ultimo gole de vinho
e o sopro no borrão
que sem lume morre com a exalação
O Zé vive o dia em liberdade
sem amarras e sem leis
toda a gente o conhece
é o Zé do Povo
nem se sabe quem foi seu pai e mãe
é um filho de ninguém
Lá vai ele deambulando
cantando uma triste canção
seguindo sempre o mesmo caminho
há quem o chame louco
Lá vais ele
esperando pela noite
toda a gente o conhece
e sempre a mesma solidão
domingo, 30 de janeiro de 2011
Por Aqui
Já não o conheço
Porque já foi tão diferente
Não era assim o meu país, quando nasci
Não era assim da última vez que sonhei
A bandeira continua igual à muito, a esvoaçar
Continuo a gostar deste país
Mas mudou tanto, só ficou o travo da saudade
Já nem me lembro que ainda é meu
Que se passa?
Não vejo pessoas contentes por aí
Só se cruzam olhares caídos, infiéis
O barco volta para levar outros tantos
Muitos abandonaram, restam os que vagueiam, por aí
Ficam os xailes pretos e a negridão da partida,
Já nem as estrelas luzem para uma noite alegre
O sol não ilumina os trilhos ancestrais,
Por aqui e por ali infestam as ervas daninhas
O vento já não ruge para desmascarar os inimigos
Onde vivem as almas limpas?
Ficam especados os espantalhos, sem réstia de vida
Lá dentro os corações ainda batem, arfando forças
Por aqui ainda existem ceifeiras lindas
Por aqui ainda nasce trigo rijo
Ainda há esperança em ti
Porque já foi tão diferente
Não era assim o meu país, quando nasci
Não era assim da última vez que sonhei
A bandeira continua igual à muito, a esvoaçar
Continuo a gostar deste país
Mas mudou tanto, só ficou o travo da saudade
Já nem me lembro que ainda é meu
Que se passa?
Não vejo pessoas contentes por aí
Só se cruzam olhares caídos, infiéis
O barco volta para levar outros tantos
Muitos abandonaram, restam os que vagueiam, por aí
Ficam os xailes pretos e a negridão da partida,
Já nem as estrelas luzem para uma noite alegre
O sol não ilumina os trilhos ancestrais,
Por aqui e por ali infestam as ervas daninhas
O vento já não ruge para desmascarar os inimigos
Onde vivem as almas limpas?
Ficam especados os espantalhos, sem réstia de vida
Lá dentro os corações ainda batem, arfando forças
Por aqui ainda existem ceifeiras lindas
Por aqui ainda nasce trigo rijo
Ainda há esperança em ti
domingo, 23 de janeiro de 2011
Maria
Maria
A Maria tem a bata rota
É pobrezinha e não tem remendo nem agulha
Na bolsa quase vazia trás uma côdea de pão rijo
A Maria desde que nasceu é pobrezinha
No ventre já se lhe sabia do destino
Sem ir a um bruxo ou adivinho
Iria ser sempre assim até ao fim da vida
Nunca viu outro país,
Mas há anos que sonha em vestir um fato fino
Não é assim tão pobrezinha a Maria
Não tem dinheiro, não vive de gula
Mas têm farinha e uma gamela para amassar a broa
Todos os dias mais uma ruga sulca o rosto
Está velha e já lhe custa arrastar as pernas
E continua pobrezinha
Triste porque não era este o fim
Quando uma cigana lhe leu sina
Nasceu para ser escrava assim
A Maria nunca viu outro país
Foi sempre a sua agonia
JONI
A Maria tem a bata rota
É pobrezinha e não tem remendo nem agulha
Na bolsa quase vazia trás uma côdea de pão rijo
A Maria desde que nasceu é pobrezinha
No ventre já se lhe sabia do destino
Sem ir a um bruxo ou adivinho
Iria ser sempre assim até ao fim da vida
Nunca viu outro país,
Mas há anos que sonha em vestir um fato fino
Não é assim tão pobrezinha a Maria
Não tem dinheiro, não vive de gula
Mas têm farinha e uma gamela para amassar a broa
Todos os dias mais uma ruga sulca o rosto
Está velha e já lhe custa arrastar as pernas
E continua pobrezinha
Triste porque não era este o fim
Quando uma cigana lhe leu sina
Nasceu para ser escrava assim
A Maria nunca viu outro país
Foi sempre a sua agonia
JONI
quinta-feira, 20 de janeiro de 2011
De volta...
O tempo não tem sido muito, mas é uma desculpa insuficiente, porque na verdade pensei muito se deveria continuar este blog ou não.
As razões prendem-se com o seu objectivo, inicialmente nasceu para contar as minhas aventuras pelas estradas da Europa. Já não tenho aventuras para contar, mas tenho outras histórias do quotidiano e da minha profissão, que, alguns mais outros menos, acharão com certeza interessantes.
As razões prendem-se com o seu objectivo, inicialmente nasceu para contar as minhas aventuras pelas estradas da Europa. Já não tenho aventuras para contar, mas tenho outras histórias do quotidiano e da minha profissão, que, alguns mais outros menos, acharão com certeza interessantes.
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
O meu país
Sem rumo vais meu país
Estás doente, de cancro no espírito
Partem tristes os teus filhos
Em busca da esperança que já perderam
De um despertar que tarda
Fogem a passos da machadada final
Dizem que a ditadura foi outrora
Mas as palavras encravam na garganta
Há medo de sujar o resto da vida
Que saudades de liberdade se sentem agora
Está mal este rumo,
Torce-se o leme em favor dos fartos
As ondas e brisas já não nos levam à Índia
Trazem uma borrasca travestida da China
Longínquas glórias já tiveste
Agora, só restam sobras de saudade
Quando se contam essas lindas histórias
É passado, não governa a plebe
Nem sobra desses tempos um tostão
Estamos por agora sozinhos,
Os amigos da velha senhora são estranhos
Empurram-nos para o caminho que vão construindo
Talhando as curvas que interessam
Os fartos vão sorrindo
E nós cá vamos indo
Calados, esperando no nevoeiro
Sonhando, apertados à espera que o outro fale
Desembainhe a espada
E distribua o pão
O tempo não é de heróis
Não tilintem as espadas de todos
Prontas a derramar luta, aguçadas
E os fartos mais engordam comendo carne suculenta
Aos tísicos não sobejará nem uma teta seca.
Estás doente, de cancro no espírito
Partem tristes os teus filhos
Em busca da esperança que já perderam
De um despertar que tarda
Fogem a passos da machadada final
Dizem que a ditadura foi outrora
Mas as palavras encravam na garganta
Há medo de sujar o resto da vida
Que saudades de liberdade se sentem agora
Está mal este rumo,
Torce-se o leme em favor dos fartos
As ondas e brisas já não nos levam à Índia
Trazem uma borrasca travestida da China
Longínquas glórias já tiveste
Agora, só restam sobras de saudade
Quando se contam essas lindas histórias
É passado, não governa a plebe
Nem sobra desses tempos um tostão
Estamos por agora sozinhos,
Os amigos da velha senhora são estranhos
Empurram-nos para o caminho que vão construindo
Talhando as curvas que interessam
Os fartos vão sorrindo
E nós cá vamos indo
Calados, esperando no nevoeiro
Sonhando, apertados à espera que o outro fale
Desembainhe a espada
E distribua o pão
O tempo não é de heróis
Não tilintem as espadas de todos
Prontas a derramar luta, aguçadas
E os fartos mais engordam comendo carne suculenta
Aos tísicos não sobejará nem uma teta seca.
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