domingo, 16 de março de 2008

Tratas muito da fachada mas por dentro não vales nada…

Pois é desta vez e antes do sono de apoderar completamente de mim e só me libertar passado umas longas horas de viagens nos antros do subconsciente opinei – segunda tarefa mais exercitada por um motorista TIR – sob a natureza interior das pessoas que já tive o honroso prazer ou a enfezada pena de conhecer.
Vejamos portanto, já conheci imensas pessoas de todos os jeitos e feitios nesta minha vida de nómada de estrada. Foram muitos os encontros e desencontros. Talvez seja melhor começar pelo insalubre desgosto das pessoas que idolatram uma concepção própria de beleza, fruto e sumo escorrido de uma vida de vivências podres e máscaras construídas dos fios daninhos do pano endurecido das aparências. Por vezes não compreendia como podem essas pessoas consensualizar-se que estão certas e convictas das suas acções, mas depois de aprofundadas viagens e investidas por entre os caminhos cruzados do subconsciente humano concluí-se muito facilmente que na verdade estão certas que é certo o que fazem. Ou seja, não é defeito mas é feitio. Por exemplo se eu tivesse nascido num país muçulmano seria certamente educado segundo os cânones dessa religião e seria convicto e nem me passava pela ideia que poderia comungar da fé católica, apostólica e romana, simplesmente porque não faria sentido para mim sequer supor que estaria errado visto que nunca conheci nem contrapus a outra parte, o mesmo se verificando em sentido inverso. Daí os velhotes cá da aldeia dizerem, quando se fala de ecumenismo, “se as outras religiões soubessem que a nossa era assim mudavam logo”, nem lhe passando pela ideia que eles apenas o acham porque cresceram e viveram toda a sua longevidade regidos por esses parâmetros, e por isso os outros estão errados, uma vez que nós temos o Deus verdadeiro e perfeito e os outros só não o tem porque não o conheceram. Mas nós sabemos que não é assim, e o mesmo eles aplicam aos que lá longe andam possuídos por um Deus errado.
Com as pessoas fúteis que praticam o culto da aparência passa-se o mesmo, cresceram ou em alguma altura da vida ou condicionalismo da vida lhe fizeram uma limpeza cerebral creditando-os que assim vivem saudavelmente. Por isso, tratam da fachada mas por dentro não valem nada.
È verdade que o por dentro não se vê, mas também não é menos verdade que são as acções que definem uma boa ou má pessoa. Pode-se tratar da fachada e ter muito valor lá dentro, ou tratar da fachada e por dentro não valer nada.
Neste ultimo caso classifico-as como sanguinolentas sanguessugas humanas, sugando o que precisam a quem o tem, descartando-o logo que nada mais tiver para oferecer alojando-se posteriormente no sangue mais suculento de uma nova presa que as transportará enquanto as puder saciar. São pessoas sem orgulho nem amor-próprio!
A mim já me trataram como um cão sarnento, não me deram valor porque eu não sou como desejavam ver-me, mas também já fui colocado num trono reluzente de ouro, pois viajaram pelas estradas bem sinalizadas do meu âmago.
As coisas que um camionista pensa, já viram…às vezes as pequenas coisas tem para nós um valor imensurável…até mais ver.

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