domingo, 23 de março de 2008

Tudo se inverteu…deve ter a ver com as polaridades mundiais

Parece que agora são os alunos que batem e agridem aqueles que são os seus maestros, fonte de inspiração e aquisição de imensos conhecimentos. Foi a primeira noticia que tive a oportunidade de visualizar e ouvir na televisão, com menos ênfase, obviamente no canal 1 da RTP. Falam do período anterior ao 25 de Abril, mas tudo indica que por outros meandros e disfarçada por outras máscaras estamos perante uma nova forma de ditadura. Enfim mas tudo o que nasce também morre, por isso não nos vamos preocupar…
Estava eu para dizer que agora são os alunos empolados pelo facilitismo e a falta de acompanhamento familiar que se acham no direito de agredir os professores e fazer deles vítimas do seu podre crescimento sociológico e psíquico.
Tudo é fácil e impôs-se neste momento a cultura do fácil, toda a gente tem altos telemóveis, Play Stations, dinheiro para sair à noite, etc, etc, nem que nalgumas famílias tenham que fazer uma ginástica financeira digna de registo na melhor “bíblia” de economia, sinceramente é assinalável como o conseguem… Já eu parece que tenho a carteira rota, perco o dinheiro todo que lá coloco, eheheheheheh.
Ah…mas estava eu na parte em que os alunos dão “porrada” nos professores. E sobre isto tenho que dizer que me entristece, aliás como me entristece todo o estado putrefacto em que se encontra enterrado o sistema de ensino português. São burocracias e papeladas a mais e acção a menos. Eu falo porque já fui professor e tudo isto me enojava, desculpem-me os leitores mais sensíveis esta palavra tão forte, mas não encontro termo melhor para o definir. Por vezes dava-me uma fortíssima vontade de agarrar nas pernas e ir bater um diálogo com os responsáveis, mas com certeza que não ia dar em nada, heheheheh, eram apenas as minhas ganas de mudar algo que considerava podre…Mas aproveito este meio para vos transmitir algumas ideias que para alguns podem não ser as melhores mas para mim são uma verdade incontornável e como estamos em democracia tenho pleno direito em manifestar-me.
De facto, conheci imensos colegas professores durante os cinco anos em que nomadizei por algumas escolas portuguesas. E garanto-vos 98% são óptimos professores e zelam pelos seus alunos desempenhando um trabalho exemplar e gerador de frutos. Pouquíssimos são maus profissionais, e isso não há profissão onde não marquem ponto.
E o problema não reside aí, mas antes na falta de acompanhamento familiar das crianças e jovens, deitadas na escola como se de um depositário se tratasse. Posto isto os professores que tratem deles…e das suas carências e frustrações.
E depois vem os senhores do governo acusar os pobres professores de tudo e mais alguma coisa porque o que interessa melhorar são as estatísticas. Sim senhor, este ano as estatísticas foram brilhantes, espectáculo não é? Esquecem-se é de dizer como tudo isto é possível…eu explico-vos: hoje em dia todos passam e foram criados meios para isso, porque para se chumbar um aluno é o cabo dos trabalhos, uma verdadeira tarefa hercúlea. Acresce ainda que os professores são avaliados mediante os resultados. Agora pensem nos professores de matemática e línguas. No meu tempo só passava quem sabia, hoje levam os meninos ao colo e facilitam-lhes o trabalho e dá nisto. E com uma ministra a culpabilizar os professores por tudo e por nada faz crescer ainda mais a bola da indisciplina, porque afinal a culpa é dos professores e eles é que estão mal. È triste mas as coisas estão assim.
Por este andar hão-de chegar à Universidade sem escrever uma frase com cabeça trono e membros…mas enfim..só há um culpado e não são os professores, estes são apenas um bode expiatório de tudo isto.
Olhem, eu nunca tive grandes problemas com os alunos, aliás sinto que deixei marcas em grande parte deles e disso tenho orgulho. Fui um bom professor!
Mas uma das coisas que me levou também a “abandonar” o ensino foi a falta de paciência para assistir a certos factos impávido e sem poder. Eu não tenho muita paciência para certas coisas e estou certo que umas boas chapadas resolviam muito. Ah e é melhor não berrar com os alunos pois podem ficar traumatizados, heheheheh. Que tristeza, ao ponto que isto chegou!
Tenho dito, mas hei-de dizer mais e muito mais….
Xau

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